Os 18 milhões de registros de filiações partidárias no TSE equivalem a cerca de 11% do eleitorado brasileiro. O porcentual é alto em comparação às democracias europeias, segundo o cientista político Bruno Speck, da Unicamp. “Na Europa, o porcentual de filiados varia de 5% a 15% do eleitorado, mas pouquíssimos países chegam a 15%”, afirma ele, dizendo-se surpreso com a taxa do Brasil.
Há, porém, variações regionais nesse fenômeno. Entre os Estados com mais de um milhão de eleitores, são os do Sul que aparecem no topo do ranking das filiações. Em Santa Catarina, 16% dos eleitores são filiados a algum partido. Rio Grande do Sul vem logo atrás, com 15,8% de filiação. Na outra ponta da tabela, aparecem Ceará (8,1%) e Amazonas (8,2%).
Speck fez análise semelhante à do Estadão Dados – e os resultados foram parecidos: as novas adesões a partidos políticos ocorrem em peso nos anos pré-eleições municipais. Segundo o estudo, 70% das filiações são explicadas pelo lançamento de candidaturas a vereador. Quem pretende se lançar candidato busca uma legenda que possa abrigá-lo nos anos que antecedem eleições municipais – sobretudo em agosto e setembro, que antecedem o prazo de um ano determinado pela lei eleitoral.
O número de novas filiações também impacta a votação que cada sigla recebe para vereador, segundo ele. Mas, diferentemente do resultado obtido pelo Estadão Dados nas eleições para prefeito, esse efeito é maior nos municípios médios e grandes (mais de 200 mil habitantes).
Para Speck, a dinâmica das filiações no País é diferente da de democracias europeias. “Na Europa, as filiações são uma forma de mobilizar a população para as eleições. No Brasil, atendem à lógica intrapartidária: são uma maneira de conquistar apoio dentro do partido para o lançamento de candidaturas.”
O Estado de S.Paulo