O major Florisvaldo Ribeiro, ex-comandante da 6ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Rio Real), e atualmente comandante da 67ª CIPM (Feira de Santana), foi inocentado pela Corregedoria da Polícia Militar no processo administrativo que apurou crimes cometidos por policiais comandados por ele em Rio Real.
O major foi transferido para Feira de Santana em fevereiro, três meses depois de o CORREIO publicar série de reportagens com denúncias de abusos cometidos por PMs na cidade de Rio Real, no Nordeste do estado.
De acordo com as denúncias, o comandante teria conhecimento de que seus comandados promoviam espancamentos, torturas, invasões de residências, prisões ilegais e até homicídios.
As denúncias vieram à tona depois que prefeito, presidente da Câmara Municipal e até o juiz da cidade assinaram um documento pedindo que o Ministério Público (MP-BA) e a Polícia Civil investigassem os atos de terror cometidos pela tropa em Rio Real e na cidade vizinha de Jandaíra.
Na quarta-feira (17), procurada para falar sobre a inocência do major Florisvaldo, a Polícia Militar informou, em nota, que a apuração da Corregedoria foi encerrada no final de maio, e que, “após a oitiva de todas as testemunhas pela Corregedoria, concluiu-se que as mesmas são infundadas”. O major Florisvaldo disse ao CORREIO que a sindicância “esclareceu os fatos”.
“Aquela situação nunca foi verídica. Não tinha nada para ser apurado”, disse. Apesar de a Corregedoria ter concluído a inocência do major Florisvaldo, pelo menos dois policiais continuam sendo investigados pela PM por crimes. Segundo o comunicado, a apuração “envolveu oitivas de quase 60 pessoas, bem como coleta de outras provas, e a sua conclusão apontou indícios de autoria e materialidade de policiais militares (oficiais e praças)”.
Porém, ainda de acordo com a nota, a identidade dos policiais não será revelada pois “pode acarretar em prejuízos para as investigações que continuam em curso, a exemplo de Processo Disciplinar Sumário, Inquérito Policial Militar e Processo Administrativo Disciplinar, indicados na apuração”.
A assessoria da PM informou que os crimes pelos quais os PMs são investigados também não seriam revelados. Em dezembro do ano passado, o tenente da PM Adnilson Brito da Silva e o soldado Anelito Nascimento de Jesus, ambos lotados em Rio Real, foram acusados pelo Ministério Público (MP-BA) de cometer crimes de tortura e abuso de autoridade.
A denúncia foi ajuizada na Vara Criminal da comarca de Rio Real. Eles respondem a ação civil pública por ato de improbidade administrativa. Em novembro do ano passado, o CORREIO publicou uma relação com 10 PMs da 6ª CIPM que respondiam a processos na Justiça por crimes de homicídio, tentativa de homicídio e tortura praticados em Rio Real.
Em alguns casos, os policiais são acusados de cometerem mais de um tipo de crime. Os dez policiais respondem a sete processos no fórum da cidade. São eles: os soldados Lenildo José da Silva, Valney de Jesus Silva e Anderson Clay Batista dos Santos (respondem por homicídio). O soldado Edval Nepomuceno Santana (tentativa de homicídio).
O soldado Gildásio João Barbosa da Silva (homicídio e tortura). Quanto aos casos de tortura, estão sob investigação o soldado Genildo Oliveira de Lima, lotado na 6ª CIPM, os soldados reformados Evandro de Souza Alves e Ramon Rodrigues de Lima, além dos tenentes Leanderson Antônio dos Santos e Marcus Vinícius Pereira Bastos.
Apesar de a nota da PM dizer que a conclusão das apurações ocorreu em maio, a divulgação do resultado só ocorreu ontem, depois de o CORREIO informar ao Departamento de Comunicação Social da PM que já sabia da conclusão com relação à inocência do major Florisvaldo.
No dia 2 de junho deste ano, seis meses depois da primeira denúncia e depois de diversos pedidos do CORREIO, o comandante-geral da PM, coronel Alfredo Castro, disse à reportagem que “a investigação só conclui com a solução” e não revelou o resultado das apurações.
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