A temperatura foi boa em Petrolina em quatro dias da I Feira do Livro do Vale do São Francisco, realizada de 18 a 21 últimos, no Centro de Convenções Nilo Coelho, que reuniu cerca de 20 mil visitantes. A investida, comandada pela Secretaria de Educação da Cidade e pela produtora Cia. de Eventos, agregou em um mesmo espaço mais de vinte expositores nacionais e locais, que já sinalizaram expectativa final positiva para o evento, e aguardam estudos de outra edição pelos realizadores.
E não à toa. A iniciativa contribuiu para a aquisição de 200 mil publicações pelo público com uma margem de R$ 500 mil em geração de negócios. E ainda contribuiu para amarrar contatos, repercutir a imagem de alguns negócios e projetos possibilitar maior aproximação da população com novos fornecedores e com a leitura. “Atuo há 20 anos com este trabalho do Sebo Rebuliço e o movimento na Feira foi ótimo comercialmente e, especialmente, para contatos futuros, para divulgação deste projeto”, comenta o livreiro Maurício Ferreira, que começou esta proposta em um trailer no Beco da Cultura e mantém hoje uma loja no Centro de Petrolina, que durante um bom tempo foi ainda sede provisória da UBE (União Brasileira de Escritores) da cidade.
Ele apostou na Feira do Livro e conseguiu ampliar o trabalho que realiza nessas duas décadas, que ainda envolve estimular a troca de uma por outra obra adquirida anteriormente para fazer circular a leitura e o conhecimento para diversas pessoas. E, por isto, contabiliza que o maior investimento foi a divulgação do seu Sebo Rebuliço para quem não o conhecia conquistando novos adeptos, inclusive para as publicações que edita como “Prosadores em rebuliço”. O resultado também foi positivo para muitos outros expositores que não só conseguiram a alcançar suas metas com a exposição como chegaram a atingira já isto no terceiro dia, como no caso do expositor Jailson Queiroz.
Um dos maiores sucessos foi a literatura de mangá, que atraiu o público adolescente que não perdeu a oportunidade para comprar alguma novidade na Feira. Mas, a maioria dos expositores destacaram que a maioria das aquisições foram de literatura infantil e um detalhe que comunga com o foco das ações da Prefeitura de Petrolina em educação. Tanto que, durante os quatro dias de evento, foi registrado a visitação de mais de 100 escolas. “Tivemos na feira mais de duas mil editoras e as comercializações superaram as expectativas. E é importante ver que Petrolina está assumindo este compromisso com o seu futuro”, reforça Rogério Robalinho, diretor da Cia. de Eventos, que trabalhou uma programação integrada para a população.
Foram promovidas cerca de 50 atividades diferenciadas para os públicos adulto, infantil e adolescente, dentre as quais estão palestras, oficinas, contação de história e apresentações. A arte-educadora Taty Diniz foi uma das responsáveis por entreter a criançada durante toda a Feira com contação de história, através do projeto Contando Eu Conto e Encanto: “Contar uma história é dar um presente de amor, como disse Lewis Carrol”, diz ela. Mas, a meninada ainda pôde aproveitar uma agenda promovida pelo Sesi que levou ao espaço Soletrando, Cine infantil (exibição de filmes infantis com temas educativos), Pintura de desenhos, Pintura na Mão, Passa ou Repassa (pergunta de conhecimentos gerais), entre outros. Os adolescente também contaram uma programação bacana à disposição como o Cine-geek, apresentação de K-pop (estilo artístico coreano que mescla dança e música), palestra sobre a saga de literatura fantástica Reinos Rivais do escritor Eduardo Aguiar, bate-papo e desfile de Cosplay (personificação real de personagens da cultura pop). “Buscamos trazer atividades que satisfizessem o interesse deste público, que é muito carente na região, mas que curtem e tentam se adaptar a determinados estilos de comportamento desta nova cultura pop. E, desta forma, ainda possibilitamos que os jovens que ainda não os conheçam, passem a conhecer”, destaca Luciano Kelmer da Petrogeek/ Cidadão Kelmer. E, diante disso, tivemos boas surpresas até para os jovens artistas e autores da literatura pop que puderam trocar umas ideias com o público jovem na Feira. “O espaço foi ótimo por que deu oportunidade para divulgar divulgarmos o nosso trabalho, especialmente na categoria de literatura fantástica”, comentou o escritor olindense Eduardo Aguiar, autor da saga Reinos Rivais, lançado há pouco mais de um passado e que se prepara para apresentar o volume dois da terceira saga, ano que vem. Este sentimento é compartilhado pelo quadrinista Edson Alvez da Dimensão HQ, que desenhou e roteirizou seu A Serpente do Mal, pela primeira vez há dez anos, e que hoje trabalha também como desenhista de projetos de quadrinhos do mercado americano. “Há muitos festivais de anime, mas neles não sentimos ainda a receptividade que tivemos na I Feira do Livro. O público adulto se mostrou mais interessado e pude repercutir melhor o projeto”, diz Edson Alves. Em termos de debates realizou-se oito mesas com discussões sobre o sertão na literatura, a construção de personagens reais, a literatura da região e as potencialidades do e-Book, que fechou a agenda neste último domingo (21). Comandada pelo ex-presidente da Biblioteca Nacional, Galeno Amorim, atual diretor do Observatório do Livro e da Leitura, ele pontuou que “até recentemente o Brasil estava exatamente cinco anos atrás de países como os EUA nesse tema e a tendência é que, a partir de agora, vá diminuir essa distância ano a ano. A participação do eBooks no negócio do livro no Brasil ainda é pequena, mas a tendência indica que crescerá paulatinamente até que, em alguns anos, ultrapasse o livro no suporte impresso
