Dólar fecha no maior patamar desde dezembro de 2008 e Bolsa cai 4,52%

 

A uma semana das eleições, os investidores reagiram de forma negativa à maior probabilidade de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). Com isso, o dólar fechou em seu maior patamar desde 2008, período em que os mercados eram fortemente afetados pela crise financeira global. A moeda americana fechou em alta de 1,69%, a R$ 2,455 na compra e a R$ 2,4570 na venda, influenciada também pela maior aversão ao risco no cenário internacional. Esse é o maior valor desde os R$ 2,471 de 9 de dezembro de 2008. A reação também foi negativa na Bolsa brasileira. O Ibovespa, principal índice do mercado de ações local, fechou em queda de 4,52%, aos 54.625 pontos, o maior tombo desde 22 de setembro de 2011, quando o recuo foi de 4,82%.

Na avaliação de Ari Santos, operador da corretora H.Commcor, grande parte desse movimento pode ser atribuído ao cenário eleitoral, com uma aversão de grande parte dos agentes de mercado a um novo governo do PT. No entanto, ele acredita que há um certo exagero nesses movimentos

— Eu acho que o mercado está precificando uma vitória da Dilma e um possível rebaixamento da nota do país no ano que vem. Mas acredito que é um movimento exagerado. O PT já está no poder. Em geral, se tem mais medo do novo — avaliou.

A volatilidade da atual eleição só não é maior do que a ocorrida no pleito de 2002, quando o temor em relação ao então candidato Luiz Inácio Lula da Silva fez o dólar chegar aos R$ 4. O comprometimento do candidato, ao lançar a “Carta aos Brasileiros’, com as diretrizes do que seria o seu governo, ajudou a acalmar os agentes do mercado financeiro na época.

João Medeiros, diretor da Pionner Corretora de Câmbio, lembra que esse tipo de reação está acontecendo há há alguns meses, tanto no mercado acionário como no mercado de câmbio.

— O mercado hoje reflete o quadro eleitoral. Quando a Dilma sobe, a Bolsa desmonta e o câmbio sobe firme — disse.

Em geral, a maior parte do mercado financeiro é contrário à reeleição de Dilma, por entender que o seu governo é muito intervencionista e que a vitória da oposição poderia ser favorável a medidas que visem o crescimento da economia.

Na avaliação do sócio-diretor da Tática Asset Management, Ernesto Rahmani, já era esperada essas fortes variações. Isso porque a última pesquisa Datafolha, divulgada na sexta-feira à noite, que mostrou o aumento da vantagem de Dilma sobre a candidata Marina Silva (PSB) nas intenções de voto para o segundo turno e também uma melhora no levantamento que avaliou o segundo turno. Uma pesquisa da CNT/MDA, divulgado um pouco antes do fim dos negócios, ratificou esse sentimento.

— Aparentemente o mercado está desembarcando do cenário de uma vitória de Marina Silva. Além do cenário eleitoral, o ambiente internacional está menos favorável. Há um movimento global de fortalecimento do dólar, mas aqui é mais intenso por causa das eleições — disse.

Segundo dados compilados pela Bloomberg, o real é a moeda que apresenta a maior desvalorização frente ao dólar. No entanto, de uma cesta com 24 moedas de países emergentes, apenas seis tem vantagem em relação ao dólar. O esperado aumento da taxa de juros nos Estados Unidos e o fraco crescimento da economia Europeia contribuem para esse cenário.

Rahmani lembrou ainda que, além do cenário de valorização do dólar, há outras incertezas, como os protestos em Hong Kong por maior democracia, o que gerou enfrentamentos com a polícia. A situação geopolítica no Oriente Médio e a desaceleração da economia chinesa são outros fatores que preocupam os investidores.

PETROBRAS DERRETE

Como o principal motivo para derrubar a Bolsa nesta segunda-feira foi a Bolsa, as ações da Petrobras acabaram sendo as mais atingidas – os papéis de estatais e dos bancos fazem parte do “kit eleições”. Os papéis preferenciais (sem direito a voto) despencaram 11,17% e os ordinários (com direito a voto) tiveram um tombo de 10,44%. Os papéis de outras estatais também são atingidos. As ações sem direito a voto da Eletrobras recuaram 3,69% e as com tiveram queda de 6,13%. Já no caso do Banco do Brasil, a desvalorização foi de 8,54%. Outros bancos também registraram forte queda, sendo que Itaú Unibanco caiu 7% e Bradesco recuou 7,03%.

As ações da Vale também operaram em queda, após a tonelada do minério de ferro, seu principal produto, ter atingido US$ 77,97 na China, segundo dados da Bloomberg. Os papéis preferenciais da mineradora caíram 1,97% e os ordinários recuaram 1,59%.

A BM&FBovespa mostrou que no mês até o dia 24 de setembro, o salto positivo de investidores na Bolsa era de R$ 3,965 bilhões, acima dos R$ 1,918 bilhão registrados em agosto. No ano, o montante já está próximo aos R$ 22 bilhões, já acima do recorde de 2009. O cenário de forte volatilidade causado pelas eleições têm atraído investidores, assim como o excesso de liquidez global, enquanto os juros no exterior ainda estão em patamares baixos.

No exterior o pregão também é de queda. O índice DAX, de Frankfurt, fechou em queda de 0,71%. Já o CAC 40, da Bolsa de Paris, caiu 0,83% e o FTSE 100, de Londres, teve desvalorização de 0,10%. Nos Estados Unidos, Dow Jones teve queda de 0,25% e o Nasdaq apresentou recuo de 0,14%.


Fonte: Jornal O Globo

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