A Justiça Federal confirmou depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa para esta quarta-feira (8). Paulo Roberto é investigado por denúncias de corrupção na estatal. Advogados de réus envolvidos no caso haviam pedido o adiamento do depoimento, o que foi negado pelo juiz Sergio Moro, responsável pelo caso.
Este vai ser o primeiro depoimento do ex-diretor à Justiça. Preso pela Policia Federal na Operação Lava jato, que investiga suposto esquema bilionário de lavagem de dinheiro no país, ele firmou acordo de delação premiada para atenuar uma eventual condenação. Costa já havia prestado esclarecimento sobre as denúncias para a Polícia Federal e o Ministério Publico.
Na audiência desta quarta, ele vai falar sobre denúncias de lavagem de dinheiro na obra da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Por ter assinado o acordo de delação, Costa será obrigado a responder às perguntas que serão feitas sobre o caso. Só não poderá falar sobre a participação de políticos, porque essa parte cabe ao Supremo Tribunal Federal. Mas Paulo Roberto poderá revelar a participação de empreiteiras e de diretores da Petrobras.
Também vai prestar depoimento nesta quarta o doleiro Alberto Youssef, que a exemplo de Costa foi preso na Lava Jata. Outros oito réus no mesmo caso serão ouvidos.
Operação
O ex-diretor é um dos acusados na operação Lava Jato, que foi deflagrada no dia 17 de março deste ano em vários estados brasileiros e no Distrito Federal. A operação investiga um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões. Conforme a PF, a organização criminosa era liderada pelo doleiro Alberto Youssef, que está detido na carceragem em Curitiba. Após ser preso, Costa chegou a ser libertado no dia 19 de maio por ordem do ministro Zavascki, mas foi preso novamente no dia 11 de junho a pedido Ministério Público Federal (MPF).
Depois de homologar o acordo de delação premiada na terça, Zavascki transferiu para a Justiça Federal do Paraná a decisão sobre a prisão domiciliar de Costa. O juiz Sérgio Moro, responsável pelo processo da Operação Lava Jato, concedeu o benefício.
Paulo Roberto terá que pagar fiança de R$ 5 milhões para deixar a carceragem e cumprir com o acordo de delação. Ele também terá que pagar mais R$ 5 milhões de indenização e devolver bens aos cofres públicos. Entre eles estão uma lancha e um terreno em Mangaratiba, no Rio de Janeiro, ambos com valores acima de R$ 1 milhão.
Entenda sobre a delação premiada
O processo de delação premiada se resume na confissão de informações em troca da possibilidade de redução de pena ou outros benefícios. Costa começou o acordo com a Justiça no dia 29 de setembro. De lá pra cá, foram vários depoimentos diários na sede da Polícia Federal do Paraná. Alguns, inclusive, aos fins de semana.
Durante esse período, Costa denunciou políticos que teriam se beneficiados de um esquema de pagamento de propina em contratos da Petrobras com outras empresas.
Segundo a homologação feita pelo ministro Zavascki, há a confirmação oficial de um possível envolvimento de várias autoridades com foro privilegiado, inclusive parlamentares federais, citados na delação de Paulo Roberto. No entanto, o conteúdo detalhado dos depoimentos é sigiloso para resguardar as investigações.
Em nota divulgada na terça, o MPF informou que a colaboração premiada é um método de investigação moderno e valioso para elucidar crimes complexos. “Por vezes, somente quem tem conhecimento dos detalhes da atividade criminal são os próprios agentes. As informações prestadas pelo colaborador ficam sempre sujeitas à verificação e à corroboração”, diz um dos trechos da nota.
O ex-diretor Paulo Roberto ocupou a direção de Refino e Abastecimento da Petrobras entre 2004 e 2012, nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Fonte: Portal G1