O delegado Marcelo Sansão, do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), disse, em coletiva à imprensa na tarde deste sábado (11), que o padre Francisco Carlos de Souza, achado morto no bairro de Stella Mares, em Salvador, foi extorquido por três meses por Robson de Souza Oliveira, 26, conhecido como “Tito”. Ele e André do Amaral, 28 anos, o “Andrezinho”, suspeitos de envolvimento no crime, foram presos na cidade de Igrapiúna, na sexta-feira (11), e já foram transferidos para Salvador.
Segundo Sansão, o suspeito teria reclamado quando o padre começou a negar a entrega do dinheiro. “Os autores tentavam forçar novos valores, valores mais altos. Houve a negativa e, consequentemente, o crime foi realizado”, afirmou o delegado. Uma terceira pessoa suspeita está foragida. A polícia relata que o celular da vítima, achado no local do crime, tem registros de mensagens e ligações entre o sacerdote e um dos suspeitos.
O delegado acrescenta que o pároco fez diversos saques bancários antes do crime. O tipo de relação que eles mantinham, no entanto, não foi informada. Momentos antes de ser morto, o religioso foi visto correndo por uma avenida pedindo socorro. “A praia estava deserta, não teve como ter sucesso no pedido de socorro. O primeiro golpe foi perpetrado pelo×André, mas uma permanência maior do×Robson do cenário após a saída do× André do local”, detalhou.
Prisões
Segundo o coronel Santiago, os suspeitos foram localizados em uma pousada após denúncia de populares. “Eles foram presos por policiais da 33ª CIPM e confessaram envolvimento no homicídio. Além disso, também indicaram onde estava o carro do padre. O veículo, modelo Fox, foi encontrado queimado numa localidade conhecida como Orojó, em Igrapiúna”, disse.
O delegado× Sansão já havia informado, na terça (7), que o padre foi assassinado por dois homens. “A gente tem a citação por informação de terceiros, de que a vítima teria sido perseguida, gritado por socorro, quando um dos autores o alcança, o segura e o outro vem e o golpeia”, detalhou.
O primeiro golpe desferido atingiu as costas da vítima, que depois foi arrastada para um local mais escondido, onde foi atingida por mais 17 golpes. “Eu trabalho, atualmente, com 90% da hipótese da questão de homicídio, até pela forma, pela violência, pelo instrumento utilizado no crime e pelo local”, disse.
Para o delegado, a escolha do local do crime pode ter sido feita previamente pelos criminosos. “Acredito que o local tenha sido premeditado, estudado pelos autores da prática”, informou.
Despedida
O corpo do padre Francisco foi sepultado na tarde de terça-feira (7), no Cemitério do Campo Santo, no bairro da Federação, em Salvador. A cerimônia reuniu familiares, amigos, padres, fiéis, além do arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger.
“Para todos nós é um momento de muita surpresa, tristeza e dor. Fomos pegos de uma forma inesperada e sentimos muito que tudo isso é feito de uma violência que não tem explicação. Deixa um vazio nos parentes, em nós, na igreja, nos amigos que o padre× Francisco conquistou. A gente está tentando digerir isso e colocar no plano de× Deus, que é maior que tudo e que de tanto sofrimento faça nascer algo bom”, disse Dom Murilo Krieger.
Desaparecimento
Padre Francisco sumiu ao sair de casa para realizar uma missa no Santuário Mãe Rainha, onde atuava no bairro do Stiep. O corpo do paróco foi encontrado um dia depois, com marcas de perfurações. O corpo foi reconhecido pelo advogado da igreja e pelo Padre Valter Reis, que faz parte da Paróquia Nossa Senhora da Esperança.
Com base em depoimento de testemunha, que é colega da vítima, o padre se sentia inseguro após ter registrado uma queixa denunciando desaparecimento de objetos. Em nota de pesar, a Arquidiocese de Salvador afirmou que× Carlos de Souza foi ordenado como sacerdote em 20 de setembro de 1999. Ele é natural de São João Del Rei, cidade em Minas Gerais.
Fonte: Portal G1