No ano passado, os gastos do país com acidentes rodoviários ficaram em R$ 17,7 bilhões. Em termos ambientais, se todas as rodovias fossem boas ou ótimas, o país teria economizado 737 milhões de litros de óleo diesel, o que equivale a R$1,79 bilhão. Teria também reduzido em 1,96 milhão de toneladas a emissão de gás carbônico para a atmosfera.
Todo esse prejuízo financeiro e ambiental é fortemente influenciado pela qualidade das rodovias brasileiras, diz a Confederação Nacional do Transporte (CNT). Para traçar um retrato das estradas federais, estaduais e municipais do país, a CNT divulgou hoje (16) os resultados da Pesquisa CNT de Rodovias 2014, que avaliou 98.475 quilômetros de rodovias, com acréscimo de 1.761 quilômetros (1,8%) ao levantamento do ano passado.
“O modal rodoviário é o indutor do desenvolvimento e da integração nacional. Mais de 60% dos produtos brasileiros escoam por esse modal. No entanto há, nele, histórico de baixos investimentos e dificuldades no planejamento”, disse o diretor executivo da CNT, Bruno Batista. De acordo com o levantamento da CNT, dos quase 1,7 bilhão de quilômetros da malha rodoviária, apenas 12% são pavimentados, o equivalente a 203,5 mil quilômetros, sendo 65,9 mil nas estaduais federais; 110,8 mil nas estaduais; e 26,8 mil nas municipais.
“Em termos gerais, na comparação com o ano passado, houve uma discreta melhora de 1,7% [na extensão de rodovias consideradas boas ou ótimas”, disse Batista. “Mesmo assim, ainda se verifica número grande de pontos críticos e de desgastes, que resultaram na morte de mais de 8 mil pessoas no ano passado”, acrescentou. Segundo ele, os níveis de investimentos têm se mostrado baixos. “Preocupa o fato de o governo não conseguir investir todos os valores autorizados para as rodovias. Isso se deve a dificuldades administrativas e de gerenciamento.” Em parte, isso é explicado pelo aumento da frota de veículos, que gerou aumento de demanda e pressão por uma maior expansão da malha, acrescentou.
A pesquisa da CNT avaliou principalmente o estado geral, a pavimentação, a sinalização e a geometria das vias. Segundo o estudo, 37,9% das rodovias estão em ótimo ou bom estado; 38,2 estão em estado regular; 17% foram consideradas ruins e 6,9%, péssimas.
“Para o cidadão, o item mais perceptível é o pavimento. Levando em consideração todas as variáveis relativas à pavimentação, a CNT constatou que 50,1% das estradas brasileiras estão em ótimo ou bom estado e 36,7% têm pavimentação regular”, afirmou Batista. Foram considerados ruins ou péssimos 13,2% dos pavimentos.
A sinalização também foi avaliada pela CNT. Segundo o levantamento, em 42,6% das rodovias, a sinalização apresenta estado ótimo ou bom e, 32,2%, é regular. Em 25,2% das rodovias, a sinalização foi considerada ruim ou péssima. Em 82,3% das rodovias, a visibilidade das placas não estava prejudicada pelo crescimento do mato. Em 8,7% das estradas, o mato cobria totalmente as placas e, em 5,4%, cobria parcialmente.
No que se refere à geometria da via – item que avalia tipo de rodovia, existência e/ou condição da faixa adicional de subida e de curvas perigosas, além de pontes e viadutos – 22,1% tiveram avaliação boa ou ótima; 29,3%, regular; e 48,6%, ruim ou péssima.
As rodovias concedidas à iniciativa privada apresentaram resultados bem mais satisfatórios do que as sob gestão pública. Enquanto apenas 29,3% das rodovias sob gestão pública tiveram estado geral avaliado como bom ou ótimo, no caso das concedidas, o índice sobe para 74,1%. Enquanto 43,1% do pavimento das vias públicas é tido como bom ou ótimo nas vias públicas, no caso das concedidas, o percentual sobe para 79,5%.
Ainda segundo a CNT, 34,7% das sinalizações em vias públicas foram consideradas boas ou ótimas. No caso das privadas, o percentual passa para 75,7%. Já a geometria das vias públicas foi avaliada como boa ou ótima em apenas 17,7% das pesquisadas, enquanto nas concedidas, o percentual fica em 40,3%.
Todos os dez melhores trechos rodoviários do país, apontados pela pesquisa, são concedidos. Nesse ranking, o melhor trecho é o que liga a capital paulista a Limeira, no interior do estado, que inclui as rodovias SP-310, BR-364 e SP-348. Em segundo lugar, está o trecho que liga São Paulo a Uberaba, em Minas Gerais, composto pela BR-050 e pela SP-330.
As que estão em pior colocação no ranking localizam-se principalmente nas regiões Norte e Nordeste. O trecho com pior avaliação foi o que liga os municípios de Natividade, no Tocantins, a Barreiras, na Bahia, integrado pelas rodovias BA-460, BR-242, TO-040 e TO-280. O segundo pior trecho liga Belém a Guaraí, no Tocantins, passando pelas rodovias BR-222, PAs 150,151, 252, 287, 447, 475, 483 e TO-336.
Fonte: Agência Brasil