A emoção ainda toma conta de Gabriel Medina. Menos de 24 horas após conseguir o título inédito de campeão mundial, o brasileiro de 20 anos ainda lembra os momentos que viveu na sexta-feira, na lendária praia de Pipeline, no Havaí. Com jeito de menino, as palavras ainda saem como se tudo não passasse de um sonho. O brasileiro lembrou como foi marcante o encontro com a irmã caçula, Sophia, de apenas nove anos. O surfista relatou como o choro da pequena com seu triunfo mexeu com seus sentimentos.
– Poxa, eu sou apaixonado pela minha irmã. Ela é o xodó da família, traz felicidade, está toda hora brincando, é carinhosa. Gosto de estar com ela nas competições, me dá tranquilidade. Ontem, quando saí, dei um abraço nela. Eu achava que não era tão emocional, mas quando dei um abraço nela, ela começou a chorar no meu colo, e eu não aguentei e comecei a chorar junto. Toda a minha família sempre acreditou em mim, desde molequinho, quando tinha 12 e 13 anos e falei que queria ser surfista profissional e tinha o sonho de ser campeão mundial – lembrou Gabriel, em entrevista ao Jornal Nacional.

Um dos principais adversários que Gabriel Medina deixou para trás foi a lenda americana Kelly Slater, detentor de nada menos que 11 títulos mundiais. O primeiro, em 1992, quando tinha a idade de Gabriel Medina. Sobre a possibilidade de um dia, quem sabe, alcançar o mesmo patamar, o brasileiro mantém os pés no chão, mas se inspira nas marcas do mito.
– Na verdade, eu não estou pensando em quantos títulos vou ganhar. Ganhei o meu primeiro, quero aproveitar ao máximo. Com certeza o Kelly é uma inspiração para mim. Quero ser igual ou melhor, com certeza ele serve de incentivo – diz.
A ficha está caindo bem aos poucos. Talvez ainda demore muito para cair por inteira. Nesta tarde, no Havaí, ele revelou que ainda não teve tempo de pensar direito na grandiosidade de seu feito. Se no momento em que Mick Fanning foi eliminado por Alejo Muniz , Medina parecia não acreditar, levando as mãos ao rosto, o cenário não mudou muito horas depois.
– Naquele momento, na real, eu não pensei muita coisa. Eu vi o Alejo ganhando do Mick Fanning e comecei a chorar de muita felicidade. Tinha esse sonho desde molequinho. Ontem consegui realizar. Ainda não tô acreditando. É um momento inesquecível. Eu continuo ainda não acreditando no que fiz – disse.

Após 38 anos de uma hegemonia de havaianos, americanos e australianos, Gabriel Medina escreveu o seu nome na história como o primeiro brasileiro campeão mundial de surfe. Os sul-africanos Shaun Tomson, em 1977, e Martin Potter, em 1989, que – embora tenha nascido na Inglaterra, mudou-se aos dois anos para Durban -, haviam sido os únicos a quebrar a escrita. Medina ainda ficou com o segundo lugar da etapa de Pipeline.
– A torcida que tava na praia ontem foi incrível. Eles me ajudaram bastante. Parecia um campo de futebol, gente que nem entendia de surfe estava ali torcendo. Foi muito louco, no surfe nunca acontece isso. Graças a Deus consegui representar nossa bandeira. Hoje temos um campeão mundial de surfe que é brasileiro, tenho muito orgulho disso – concluiu.

Fonte: Portal G1/Globo Esporte




