Se a balança diz que você está acima do peso ideal, é hora de começar a se preocupar com a saúde, certo? Para o médico britânico Malcolm Kendrick, não é bem assim. No livro “Doctoring Data: How to sort out medical advice from medical nonsense” (inédito no Brasil), o especialista em colesterol defende que este é apenas mais um dos mitos perpetuados pela comunidade médica, sem verdadeira comprovação científica.
“Nós temos o ‘fato’ indiscutível de que estar acima do peso é ruim para a sua saúde. Por definição, estar ‘acima do peso’ deveria ser ruim para a saúde — ou não chamaríamos de ‘estar acima do peso’. Mas nós não definimos sobrepeso como o peso acima do qual a saúde é prejudicada; há uma exata definição para isso”, argumenta o médico em um artigo publicado no “The Independent”.
Atualmente, “sobrepeso” é definido como um índice de massa corporal (IMC) entre 25 e 30. Acima deste patamar, o paciente é considerado obeso. Kendrick defende que, embora a nomenclatura dê a entender que o sobrepeso é prejudicial para a saúde, diversos estudos revelam que pessoas nessa faixa do IMC podem até viver mais. Como exemplo, ele cita, entre outras, uma pesquisa publicada na prestigiada revista científica Journal of the American Medical Association (Jama).
“Não há dúvidas de que engordar mais e mais deve, em algum ponto, prejudicar sua saúde e reduzir a sua expectativa de vida. Qual é o ponto exato? Bem, certamente, não é entre 25 e 30 (de IMC), e poderia até ser mais em cima. De fato, eu encontrei uma pesquisa em mulheres italianas que revelou que a maior expectativa de vida estava associada com um IMC de 33. Em outros estudos, nos quais a obesidade era mais subdivida, aqueles entre 30 e 35 de IMC viviam mais do que aqueles que estão no chamados “peso normal”, escreve Kendrick.
Fonte: Ela/O Globo