A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do HSBC quer que 126 pessoas apontadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) como correntistas da agência HSPB Private Bank, em Genebra, na Suíça, informem se, de fato, eram correntistas do banco e se as contas foram declaradas ao Banco Central e à Receita Federal. O requerimento foi aprovado nesta quinta-feira (16) pelos senadores integrantes da CPI.
“O requerimento se justifica na medida que estamos tomando cuidado para não trabalhar com informações que não tenham origem legalizada ou fonte formal”, disse o relator da CPI, Ricardo Ferraço (PMDB-ES). Ferraço considera “absolutamente necessário” que, antes de convocar ou convidar essas pessoas, a comissão seja informada. Ele destacou que essas pessoas “estão no radar” do Coaf com indícios de ilicitude.
Como o Coaf não faz esse tipo de diligência, apenas apura e encaminha as informações à Receita Federal e à Polícia Federal, a CPI solicitará que os citados na lista digam aos senadores se eram ou se são correntistas da instituição financeira e se declararam essas contas ao Banco Central e à Receita Federal.
Por causa da ausência desse tipo de informação, os senadores decidiram cancelar o depoimento do doleiro Henry Hoyer, que estava marcado para hoje. Hoyer é apontado nas investigações da Polícia Federal como o segundo operador do esquema de desvio de recursos no PP.
“Precisamos de mais elementos e mais informações para o depoimento. Agora, nós vamos ter. Sem essas informações, que são matéria-primas para nós, teríamos que partir do que já foi publicado pela imprensa”, avaliou o vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). A pedido do senador, foi aprovado o envio à CPI de 50 relatórios de Inteligência Fiscal, que estão sob responsabilidade do Coaf.
Os senadores também vão ouvir, ainda sem data definida, o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, e o jornalista e ex-deputado suíço Jean Ziegler, autor do livro A Suíça Lava mais Branco. Para a próxima quarta-feira (22), está marcada uma reunião reservada com o presidente do HSBC no Brasil, André Guilherme Brandão.
“O HSBC já foi condenado pela Justiça americana em US$ 2 bilhões por ter facilitado a lavagem de dinheiro. Já tem processo na França. Na Bélgica, já repatriaram dinheiro. Temos que saber se aqui também foram criadas condições para [evitar] a evasão de recursos” disse Ricardo Ferraço.
Fonte: Agência Brasil