Os agentes comunitários de saúde e os agentes de combate às endemias de Juazeiro paralisaram suas atividades ontem (16) para cobrar da gestão municipal o pagamento do piso salarial da categoria, sancionado pela presidente Dilma Rousseff em junho de 2014.
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Agentes Comunitários de Saúde e de Combate às Endemias – Sintase, Jorge Brandão, o governo quer incorporar uma gratificação recebida pela categoria ao salário base para assim formar o piso dos agentes. “Fica até difícil negociar uma coisa que já é direito. O incentivo é lei, nós conseguimos esse incentivo em 1994 […] ele veio se arrastando e foi regulamentado em 2012. Então quer dizer, é direito adquirido… para de repente você deixar ir de água abaixo? Isso, essa classe não aceita!”, afirmou.
O presidente do Sintase disse ainda que o sindicato vinha avançando nas negociações mas, segundo Jorge Brandão, de repente voltaram à estaca zero. “O que nós tínhamos que fazer nós já fizemos, que foi negociar como manda a Constituição Federal. Não houve negociação, só nos resta agora a greve”, expôs.
Segundo a gente de endemias Leile Danile de Oliveira (31) além do piso salarial a categoria precisa de melhorias nas condições de trabalho como: fardamento, crachá funcional etc. “A gente se sente desvalorizada, é como se a gente tivesse no esquecimento, como se ninguém nos notasse. Nós sabemos que os agentes de endemias são importantes, porque antes de fazermos o concurso na gestão de Misael (ex-prefeito Misael Aguilar), nós tivemos uma epidemia de mais de 3.000 casos de dengue. Desde que nós entramos, graças a Deus, não houve epidemias no município de Juazeiro e eu acredito que isso se deve ao bom trabalho desses profissionais, que mesmo em condições tão precárias, estão no campo passando informações para o morador, eliminando o foco”, desabafou.
O secretário de Saúde, Dalmir Pedra, que assumiu a pasta a menos de um mês, ressaltou que Juazeiro é uma das cidades que melhor paga os agentes de endemias e comunitários. “O que houve na realidade é que foi feita uma lei pela presidente, criando um piso. Esse piso quer dizer que pela complexidade do cargo, não se pode ganhar menos que R$ 1.014, só que Juazeiro paga bem mais do que isso hoje”, destacou.
De acordo com o secretário há um erro de interpretação dos servidores relacionado ao piso salarial. “O que está havendo na interpretação dos servidores é que querem trocar o vencimento básico pelo piso mínimo, que é diferente. Mas, a mesa de negociação continua e faz parte do processo democrático de haver paralisações. O que a gente se preocupa é porque esse é um período crítico para a população por causa da dengue’, explicou.
Sobre as queixas referentes às melhores condições de trabalho citadas na reportagem, o supervisor de suprimentos da Secretaria de Saúde, Jacó Teotônio, disse que as demandas estão sendo encaminhadas. “Relacionado ao fardamento dos agentes comunitários, o contrato está em tramitação para que depois seja encaminho para a confecção dos uniformes”, disse.
Ainda segundo Teotônio o fardamento dos agentes de endemias já foi feito. “Quanto aos agentes de endemias, a empresa que fez a confecção do fardamento falou que enviaria para a transportadora na quarta-feira (15), e a gente vai começar a cobrar a partir de hoje (ontem),” esclareceu.
De acordo com o Sintase a paralisação das atividades por 24 horas, realizada ontem (16), foi de advertência. Caso não haja entendimento entre o Executivo municipal e a categoria, haverá uma paralisação de 48 horas, e permanecendo o impasse a categoria fará greve por tempo indeterminado.
Por Adeiton Júnior