A trajetória de Leandro Firmino da Hora, de 36 anos, e de Rubens Sabino Silva, de 30, poderia ser a mesma após o sucesso de “Cidade de Deus”, há 13 anos. Enquanto o “Zé Pequeno” seguiu a carreira de ator, Rubinho, como é conhecido, não conseguiu deixar as drogas e vive há três anos na Cracolândia, em São Paulo. “Me surpreendeu vê-lo lá. Há uns dois anos não tinha notícia dele. O Rubinho é um cara que tem muito talento, percepção de ator. O Fernando (Meirelles, diretor) fez tudo o que podia. Uma pena. Fiquei muito triste”, diz Leandro, que em breve estreia em “Magnífica 70”, série original do HBO.
Leandro lembra ainda que se não fosse a escola ele mesmo poderia ter tido o mesmo destino do colega. Ou até pior. “Minha vida foi no Ciep dos 6 aos 16 anos. Vida fora de lá só mesmo nos fins de semana e nos feriados. Agradeço muito a minha mãe por ter me cobrado os estudos”, recorda ele, que, mesmo vivendo na Cidade de Deus em sua fase mais complexa, com o tráfico dominando a área, garante nunca ter enveredado pelas drogas ou crime: “Vi muitos amigos morrerem antes de completar os 18 anos. Aquilo não era vida. Consegui não ir pelo caminho errado”.
Atualmente, o ator dá palestras motivacionais em escolas particulares. “Conto como foi a minha vida e a importância de ir para a escola, de não abandonar. Quero levar esse trabalho também às escolas públicas”, conta ele, que em breve começa a fazer a Faculdade de História.
No mês que vem, Leandro vai para Angola, na África, ainda por conta de seu maior sucesso. O bandido Zá Pequeno faz sucesso por lá. “Mas não é bem visto pelos jovens, então, vou lá para fazer essas palestras e contar um pouco da minha vida”, justifica ele, que até hoje é lembrado pelo papel: “Outro dia, num shopping, umas meninas de 8 anos me pediram para fazer foto. Elas nem eram nascidas quando o filme estreou”.
Casado desde fevereiro, hoje morador de São Gonçalo e pai de um filho de 3 anos, fruto de um relacionamento anterior, Leandro Firmino também dá expediente no Canal Futura e em breve abre com a mulher uma loja virtual de semijoias: “É preciso segurar dos dois lados. Fiquei alguns meses sem ter trabalho e isso não é legal. Quero dar um futuro melhor para o meu filho, mostrar o caminho certo, deixá-lo o mais longe da violência. Hoje em dia está muito mais punk que na minha época”.
Fonte: Jornal Extra