A manhã de ontem (21) foi toda voltada para o debate em torno da crise hídrica, que afeta diretamente a bacia do Rio São Francisco. A discussão faz parte da XXVII Plenária Ordinária realizada em Petrolina que encerra hoje (22). O primeiro dia foi marcado pela mesa-redonda composta por representantes da Agência Nacional de Águas – ANA, Ibama, Operador Nacional do Sistema – ONS, entre outras instituições ligadas ao universo da bacia do São Francisco.
Usou a palavra o diretor-presidente da ANA, Vicente Andreu, que criticou a atual regulação de retirada das águas do país, em especial a da bacia do São Francisco. “No Brasil, essa regulação ainda é muito fraca. Não deu conta de antecipar as questões relativas à atual crise hídrica. É preciso aprimorá-la. Realizá-la em torno das regras do sistema, para que, de fato, se priorize os usos múltiplos, seja da irrigação, turismo ou abastecimento. Se não fizermos, ficaremos devendo para o sistema de recursos hídricos brasileiros”, disse.
Vicente Andreu destacou ainda o real papel dos comitês de bacia para aprimoramento do sistema nacional. “A discussão no âmbito dos comitês é, sem dúvida, fundamental. Porém, e infelizmente, o CBHSF não conseguiu criar dentro do colegiado um debate que antevisse essa crise hídrica, porque a entidade sempre teve um papel reativo. Os CBHs não podem se opor às políticas públicas, mas estimularem elas. Não podemos nos acomodar pensando no que avançamos, nem nos limitar no que ainda podemos avançar”, comentou.
A mancha escura que recentemente se proliferou pelo Velho Chico ao longo de 30 quilômetros de sua extensão no estado de Alagoas, assim como a operação dos reservatórios da calha do Rio São Francisco, com as reduções das vazões mínimas, também foram assuntos discutidos pela mesa-redonda.
Medida emergencial
Nossa equipe de reportagem conversou com o secretário executivo do comitê, Maciel Oliveira, que explicou sobre a plenária. “Estamos discutindo como tema principal a crise hídrica, tivemos um painel de exposição de órgão e instituição da bacia do São Francisco, e a sociedade civil. Informamos a real situação da bacia, e as previsões de tudo que está sendo feito, a principal delas a autorização da diminuição da vazão do lago para 900m³. Essa é uma medida cautelar emergencial, pois se não reservarmos a água em Sobradinho, corre-se o risco de em agosto não ter água para descer para as regiões do sub-médio e baixo São Francisco”, declarou.
Ainda segundo Maciel durante a plenária será exposta a realidade do rio e no final da plenária um documento será elaborado para ser imediatamente seguido, pois o comitê é normativo, construtivo e deliberativo. “Ou seja, o comitê tem poder de deliberar, então o que for deliberado aqui na plenária será cumprido”, concluiu.
Em uma coletiva para a imprensa, realizada na última quarta-feira (20), em Petrolina, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco – CBHSF lançou a campanha 2015 do Dia Nacional em Defesa do Velho Chico, que tem como slogans “Em Viro Carranca para Defender o Velho Chico e “Todos Somos Chico”. A campanha propõe mobilizações e alertas à sociedade, no dia 03 de junho, para a necessidade de revitalização do São Francisco.
Os comunicadores ouviram análises conjunturais sobre os principais problemas que atingem o Rio São Francisco, temas atuais e polêmicos, na fala do presidente do CBSHF, Anivaldo Miranda, do secretário geral Maciel Oliveira e dos coordenadores das Câmaras Consultivas Regionais. Também estiveram presentes membros de comitês afluentes, gestores de órgãos públicos de meio ambiente e diretores da agência delegatária de bacia, AGB Peixe Vivo. Todos puderam tirar dúvidas dos jornalistas sobre temas como crise de abastecimento, redução de vazões, novas matrizes de energia e usos múltiplos das águas, entre outros temas de interesse das populações ribeirinhas e do país.
Prêmio
Durante a coletiva de imprensa foi lançado o Prêmio Carranca de Jornalismo, cujo objetivo é destacar e premiar produções jornalísticas (rádio, tv, internet e jornalismo impresso) que enfoquem o Rio São Francisco, sua problemática e ações de revitalização/recuperação ambiental. Poderão ser inscritos trabalhos publicados no ano de 2015.
Da Redação com informações da Ascom/CBHSF