Mais um site que fornece dados ilegalmente está causando preocupação a centenas de brasileiros. No tudosobretodos.se é possível encontrar informações pessoais de qualquer brasileiro. Além do número de telefone, endereço e cpf, o site mostra nomes de parentes, pessoas que moram na mesma casa, lugares onde a pessoa já morou ou trabalhou e até mesmo quem são os vizinhos. Também é possível encontrar todas as redes sociais.
O portal de busca assusta pela performance ao encontrar pessoas. Caso não haja muitas informações, apenas com um nome é possível filtrar a busca e encontrar quem você deseja. O CORREIO testou e fez uma busca pelo nome ‘Maria’. O site exibiu dados dos 100 primeiros resultados para esse prenome. Um mapa também mostra o estado onde todos estão localizados. Para facilitar e refinar a busca, o sistema ainda lista a data de nascimento de cada Maria.
CORREIO testou performance de busca do site (Imagem: Reprodução) |
Para ter acesso a todos os dados é necessário fazer um cadastro e pagar por créditos, que custam R$0,99 cada. No plano básico, com 10 créditos, o custo é de R$9,90. Para ter acesso a dados de mais pessoas, os site oferece outros dois planos de até R$79 – e ainda faz promoção com descontos. Segundo o Tudo Sobre Todos, os créditos possuem validade de 3 meses e, assim como créditos de celular, podem ser reativados com novas ‘recargas’.
Tirar do ar
Um abaixo-assinado direcionado para a Superintendência da Policia Federal em Rondônia foi criado no site Petição Pública. Até à 7h desta sexta-feira (24), 632 pessoas haviam assinado o documento coletivo.
O texto da petição pede investigação para os dados divulgados sem autorização. “Muito semelhante e digo até mais completo que o site nomesbrasil, que fora alvo recentemente de investigação do MPF”, aponta texto. Clique aqui e veja a petição.
“Esse site não possui o domínio e nem o seu conteúdo hospedado no Brasil. O máximo que a justiça brasileira pode fazer é sentar, chorar e implorar pra que os governos estrangeiros fechem o site”, comentou um usuário na página do abaixo-assinado.
O site é administrado pela Top Documents LLC, bureau de informação que teria sede nas Ilhas Mahé, na República das Seicheles, que fica no Oceano Índico ocidental. De acordo com o texto na área ‘Quem Somos’, a empresa utiliza servidores franceses para prestar serviços a pessoas e empresas.
Ainda de acordo com o site, o serviço prestado respeita a legislação e não divulga dados considerados sensíveis como raça, etnia, religião, opinião política, orientação sexual e histórico médico.
Fonte das informações
Segundo o próprio site, todas as informações foram reunidas de “diversas fontes públicas” e cruzamento de dados da internet. “A origem dos dados são cartórios, decisões judiciais publicadas, diários oficiais, foros, bureaus de informação, redes sociais e consultas em sites públicos na internet”, informa a página.
Ao comprar crédito para ter acesso às informações, o usuário precisa firmar um termo e garantir que as informações pesquisadas serão “utilizadas respeitando a legalidade e licitude”. Ainda de acordo com Tudo Sobre Todos, o uso das informações para prática de atos ilícitos, discriminatórios ou ilegais é de responsabilidade do usuário. Quem compra, teria que manter sigilo e pode ter o acesso cancelado, caso descumpra o acordo.
Em caso de ‘violação’ do termo, o contrato prevê pagamento de indenização com multa, juros e correção monetária vigente pelo IGPM da Fundação Getulio Vargas até o pagamento efetivo da ‘condenação’.
Fonedados e Nomes Brasil
Em maio do ano passado o site ‘Fonedados’ foi tirado do ar depois de divulgar gratuitamente detalhes como nome, sobrenome, endereço e CPF de brasileiros. A página também permitia realizar buscas por números de telefone celular. Na época, testado pelo CORREIO, o Fonedados apresentava informações defasadas em até 14 anos, em alguns casos. Em casos de menores de idade, o sistema identificava como ‘menor.
Em maio deste ano o site ‘Nomes Brasil’ também foi tirado do ar pela Justiça brasileira. Ele reunia os números de CPFs e as situação cadastral dos documentos. Na época, a companhia GoDaddy foi notificada por ser o servidor de acesso.
Fonte: Correio da Bahia