A promotoria também questionou a conduta de Cadu no presídio. Segundo Viggiano, o réu incendiou sua cela há 15 dias e entrou em conflito com os agentes prisionais. “Estou de saco cheio, você não sabe a desgraça que é lá, não sabe o tanto que é desumano”, disse. Nervoso, ele completou: “Me condena a pegar 30 anos, porque 10 anos é pouco”.
Por fim, o promotor pediu a condenação de Cadu nos quatro crimes. “Existem provas suficientes para a condenação dele. Não há dúvida que ele deve ser condenado. Ele se demonstra muito sarcástico, responde o que lhe interessa, gosta de confronto e o que não lhe interessa ele não responde”, acusou Viggiano.
Já o advogado de defesa de Cadu, Sérgio Divino Carvalho Filho, rebateu a acusação da promotoria. “As provas contra ele são fracas, pois, quando quebraram o sigilo telefônico dele, foi comprovado que no momento dos crimes supostamente cometidos por ele, ele estava em bairros diferentes de onde aconteceram os latrocínios”, alegou o defensor.
O advogado também pediu à juíza que Cadu seja acompanhado de um psicólogo e transferido do presídio para uma clínica psiquiátrica. A juíza ainda vai analisar o pedido.
Testemunhas
No total, 13 testemunhas foram arroladas, sendo que seis não compareceram e uma foi dispensada. A primeira a ser ouvida foi a namorada do estudante de direito e testemunha do crime, Paula Fernanda de Carvalho Faria. Ela disse que reconhece Cadu como o autor do crime. “Eu vi o rosto dele. Quando ele sacou a arma, eu firmei o olhar no rosto dele”, garantiu.
Em seguida, a mãe do agente penitenciário, Darlene Fernandes D´abadia, prestou depoimento. A mulher disse que o filho coordenava um organização não governamental e era uma pessoa muito boa, que nunca sofreu ameaças. “É muita dor e tristeza. Não sei nem o que falar de tanta saudade”, disse a mãe.
O terceiro a depor foi Euriomar Rodrigues da Cunha, que testemunhou o momento em que o agente penitenciário foi baleado. “Não tenho dúvida que era o Cadu. Eu passei muito próximo dele”, disse.
Depois foi a vez do delegado Thiago Damasceno ser ouvido. Ele foi o responsável pela prisão do réu, pois avistou o carro roubado de Mateus e iniciou perseguição ao veículo.
Cadu dirigia o automóvel e bateu em um muro. Ele tentou correr, mas foi detido pelo policial militar Wilson Luiz Ávila Júnior, que também prestou depoimento durante a audiência. Inclusive, o PM tinha estudado com Cadu anos antes. A última testemunha que depôs foi o guarda civil metropolitano Rodrigo César Costa de Moraes, que também participou da perseguição a Cadu.
Laudos contraditórios
Laudos médicos expedidos pela Junta Médica do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) consideram Cadu imputável, ou seja, capaz de responder judicialmente pelos seus atos. Em avaliação feita entre abril e maio pelos psiquiatras, o acusado explicou a sensação que sentiu quando cometeu os latrocínios na capital: “O crime é um vício melhor que cocaína”.
A conclusão dos psiquiatras goianos é que, na avaliação de Cadu, “não foram verificados indicadores de doença mental que provoque alienação da realidade do tipo esquizofrenia”.
A doença – que não tem cura e provoca alucinações – foi diagnosticada, no entanto, pela Justiça do Paraná, para onde Cadu fugiu após matar Glauco e o filho. Por isso, entenderam, em laudo realizado em 2010, que ele era “inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato”.
Por este motivo, Cadu não chegou nem a ser julgado. Por dois anos, ficou internado em clínicas psiquiátricas. A última foi em Goiânia, onde a família dele mora. Em 2013, a Justiça de Goiás decidiu que ele poderia voltar a viver em sociedade, vindo, posteriormente, a praticar os latrocínios.
Crimes
Marcos foi baleado no dia 28 de agosto do ano passado e morreu após ficar quase um mês internado. Câmeras de segurança flagraram o momento em que ele reage a um assalto e luta com o criminoso, que atira na cabeça do servidor e foge com a ajuda de um comparsa.
Sobre essa acusação, Cadu alegou aos psiquiatras que atirou porque a vítima reagiu. “Você não viu o que ele fez? Ele meteu a mão no meu revólver. Aí já dei dois tiros”, afirmou.
Já em relação à morte do estudante de direito Mateus Pinheiro de Morais, de 21 anos, ocorrido em 31 de agosto de 2014, Cadu não explicou em depoimento porque atirou mesmo após a vítima não reagir. O jovem foi baleado quando deixava a namorada em casa, na Rua T-29, no Setor Bueno.
Fonte: Portal G1