A descoberta de água líquida na superfície de Marte foi considerada um avanço notável por cientistas brasileiros e estímulo a uma “visita” – ou seja, a uma missão tripulada.
De acordo com João Steiner, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP), além da relevância de uma confirmação robusta da presença de água líquida em um planeta do Sistema Solar, a descoberta tem um apelo especial. “Certamente é uma descoberta importante. Do ponto de vista científico, é algo notável, já que a água é condição para a existência de vida – e se torna ainda mais especial por se tratar de Marte”, disse.
Segundo ele, já foi comprovada a existência de água em estado sólido e líquido em diversos objetos do Sistema Solar, como a Lua, Ceres, Europa e Encédalo – respectivamente luas de Júpiter e Saturno. “Mas Marte é um objeto de fascínio para a humanidade, porque é um planeta do nosso sistema que mais oferece condições, em tese, para a existência de vida.”
Missão
De acordo com Steiner, o interesse pela possibilidade de vida fez Marte virar objeto de diversas pesquisas e missões não tripuladas. “Existe mesmo a intenção de fazer uma missão tripulada nas próximas décadas. Considerando essa possibilidade, a existência de água por lá é fundamental.”
Pierre Kaufmann, coordenador do Centro de Rádio Astronomia e Astrofísica Mackenzie, afirma que a descoberta poderá dar novo estímulo ao projeto da Nasa de levar uma missão tripulada a Marte. “O projeto para o envio de tripulantes a Marte está relativamente estagnado, mas, com essa descoberta, os esforços para uma missão humana poderão ficar mais concentrados. Até agora, só havia especulações vagas sobre as possibilidades de vida no planeta, mas essa perspectiva se torna muito mais sólida com essa evidência robusta de existência de água em estado líquido em Marte”, disse.
Segundo Kaufmann, a nova descoberta só foi possível graças a enormes esforços que envolveram medições diretas feitas por satélites de sensoriamento em órbita ao redor de Marte, enviados por diversos países, além de sondas que analisam amostras do planeta. “Futuras pesquisas serão seguramente feitas com base em experimentos espaciais, com outros sensores e outros experimentos que levem equipamentos para sondar o planeta direta e indiretamente, incluindo o eventual envio de astronautas.”
O problema das missões tripuladas, segundo Kaufmann, é que elas impõem obstáculos ainda intransponíveis do ponto de vista financeiro e de sobrevivência dos astronautas. “A viagem é muito longa e um súbito aumento da atividade solar durante esse período poderia submeter os astronautas a radiações extremamente intensas e mortais. A nave precisaria ser excepcionalmente blindada e, por isso, muito pesada, o que aumentaria as exigências em relação a lançadores.”
Outra missão da Nasa, a Curiosity, explorou planeta em 2012:
Após uma viagem de oito meses e 566 milhões de quilômetros, a sonda tocou a tênue atmosfera marciana a quase 21 mil quilômetros por hora, antes de iniciar a descida controlada
Fonte: MSN Notícias