O ano de 2015 iniciou com muitas alterações no mercado imobiliário. A CEF, detentora de 70% do crédito imobiliário anunciou dois aumentos na taxa de juros, além da redução do LTV para financiamento de imóveis novos e, principalmente, para imóveis usados, além de restringir financiamento para clientes que já possuem financiamento ativo no âmbito do SFH. Para os imóveis novos o percentual passou a ser de 80% e para os usados de 50% – todas essas medidas são reflexo da falta de funding na caderneta de poupança. A notícia que correu o mercado era que o recurso, ainda existente na CEF, seria o suficiente somente para honrar as contratações já efetuadas e que estão em trâmite junto ao Cartório de Registro de Imóveis.
Resta saber como ficara a situação para os clientes que compraram imóveis na planta, principalmente das obras financiadas pela CEF. Muitos montaram seu plano de pagamento com as condições ofertadas pelo banco no momento da aquisição, ou seja, não foi verificado se esse cliente já era detentor de financiamento ativo, ou se teria 20% para dar de entrada, uma vez que até maio era possível financiar 90% do valor do imóvel. Para os imóveis com previsão de entrega para os próximos meses, a situação é ainda difícil, pois não se sabe se existira recurso disponível na CEF.
Os bancos privados e o Banco do Brasil acompanharam a CEF no aumento da taxa de juros, e o Itaú e o Santander também reduziram o percentual de financiamento. Vale lembrar que o aumento da taxa de juros foi impulsionado pelo aumento da SELIC – foram cinco aumentos em 2015 e sete consecutivos. O aumento da taxa de juros e a redução do percentual financiável dificultam a obtenção de crédito aos consumidores, além de exigir uma renda superior, restringindo o rol de compradores.
Outro fator que influencia negativamente o crédito imobiliário em 2015 é o aumento da taxa de desemprego, que segundo dados do IBGE, até abril a taxa de desemprego chegou a 8%. A redução do nível do emprego e da renda real do trabalhador, abalam a confiança do consumidor, tornando-o mais cauteloso na hora de comprar, principalmente em assumir um financiamento a longo prazo.
Esse cenário acabou por reduzir a projeção de crescimento para esse ano, que deverá ficar no mesmo patamar de 2014. Para os próximos meses devemos experimentar novos aumentos na taxa de juros, que deverá chegar a 12%aa ate o fim de 2015, além da redução do preço dos imóveis – que entrará num patamar de normalidade, uma vez que o preço subiu muito além da inflação nos últimos anos. O estoque das incorporadoras não se equalizará, visto que o ritmo das vendas não subiu e teremos um aumento do número de distratos. Veremos ainda os bancos privados e o Banco do Brasil aumentarem sua carteira de crédito imobiliário, suprindo, ainda que parcialmente, a ausência da CEF.
Artigo de: Daniele Akamine
Bacharelado em Direito, Pós-Graduada em Direito Civil, Direito Penal e Processo Penal, MBA em Economia da Construção e Financiamento Imobiliário, técnica em Contabilidade e sócia diretora da Akamines Negócios Imobiliários Ltda www.akamines.com.br.