A economia baiana vai recuar cerca de 3,1% em 2015. Apesar de negativo, o índice é um pouco melhor do que o nacional, previsto para fechar o ano com uma queda de 3,6%. A previsão foi apresentada ontem pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb-BA), Antonio Ricardo Alban, em entrevista coletiva. Segundo ele, o setor industrial foi um dos mais prejudicados pela crise econômica e a indústria da transformação na Bahia deve recuar 4% em 2015.
Como consequência, de janeiro a outubro, foram fechados 33 mil postos de trabalho, dos quais 88% na construção civil. “O momento é extremamente desafiador e não há nada que aponte para uma melhoria significativa no ano que vem”. Segmentos como a construção civil e a metalurgia básica devem enfrentar problemas também no ano que vem, mas outros setores, como o refino de petróleo e o automotivo devem permanecer estagnados.
“A curto prazo, a melhor alternativa para a indústria é exportar, aproveitando o câmbio favorável”.
O presidente da Fieb comentou, ainda, o atual momento para a economia do Brasil e da Bahia, e falou dos investimentos da entidade.
Como a Federação das Indústrias da Bahia avalia o recuo na economia em 2015 e qual a previsão da entidade para 2016?
Serão dois anos de PIB negativo acumulado no Brasil. A previsão deste ano é de – 3,6%, e no ano que vem a queda deve ser de 2,5%. No acumulado, será uma retração de mais de 6%. É um impacto muito grande para um país em desenvolvimento e com tantas carências .
Qual a sua avaliação do atual contexto de crise do país?
Tudo começou com uma crise fiscal, que foi agravada pela crise econômica e potencializada pela crise política. Como reflexo da economia já vimos a significativa redução de postos de trabalho, que gera uma crise social. Para o ser humano, uma das piores coisas que pode acontecer é a perda de poder aquisitivo, que gera uma sensação de frustração e muita revolta. Esse será o maior problema no ano que vem: o agravamento da crise social. Acreditamos que a saída desse contexto começa com a solução da crise política que vivemos e esperamos que isso aconteça ainda no primeiro trimestre de 2016.
Como o cenário impactou a Fieb e quais são os planos da entidade para o ano que vem?
Apesar do impacto que a crise econômica gerou na nossa receita, o Sistema Fieb conseguiu manter o número de empresas industriais atendidas por seus programas e serviços. No ano passado foram 3.124 empresas atendidas, e 3.131 neste ano. Em 2016, vamos andar na contramão da crise. Faremos o maior esforço possível e vamos trabalhar em parceria com a Fecomércio e outras entidades para garantir o desenvolvimento econômico e social da Bahia. Vamos dar continuidade a todos os investimentos que já estavam planejados, principalmente na interiorização da nossa atuação e no apoio à pequena e média indústria, ao longo de 2016 e também de 2017.
O que é o Cimatec Industrial, citado em sua fala de abertura como um planejamento futuro?
O Cimatec Industrial é um projeto que estamos iniciando em parceria com o governo estadual, que está nos cedendo uma área bastante significativa no Polo Petroquímico de Camaçari para que possamos desenvolver competências. Queremos dar suporte não apenas para os investimentos que temos hoje, como as cadeias produtivas da energia eólica e de energia solar, como também novos vetores de crescimento, a exemplo da indústria automobilística. Nossa meta é estarmos capacitados em novas competências, para atrair investimentos mais por questões técnicas do que políticas. Temos o projeto de testes de carros em pista de linha reta de dois quilômetros, além de outras demandas de pesquisa, desenvolvimento e certificação que as empresas fazem no exterior. Queremos criar o vetor da indústria de saúde na Bahia e, em parceria com todos os entes envolvidos, para sermos certificadores de medicamentos genéricos no Brasil, além de uma série de outras demandas que estão em andamento. O investimento será a partir de recursos combinados de todos os setores envolvidos: empresas, setor público, Sistema S e mais os incentivos que conseguirmos captar dentro dos programas de financiamento oficiais que existem.
Como a indústria baiana avalia o aumento ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, aprovado na semana passada pela Assembleia Legislativa da Bahia?
A classe empresarial nunca vai concordar com o aumento da carga tributária. No entanto, temos que ser pragmáticos com a nossa situação atual. A estrutura pública do país está com sérias dificuldades e uma das grandes ações a ser feita é a reforma administrativa. Os estados precisam encontrar o seu tamanho e é um processo difícil. O reajuste para 18% aconteceu e agora precisamos buscar um reequilíbrio fiscal com essa nova carga tributária. Para a indústria o que mais pesou foi o aumento de segmentos que contribuirão para o Fundo de Pobreza. Estamos dialogando com o governo para minimizar o impacto na indústria baiana e estamos confiantes que vamos encontrar um denominador comum.
Fonte: Correio da Bahia




