“O São Francisco agoniza da Nascente a foz”, diz pescador

A vida do povo e do rio São Francisco foi foco da análise de conjuntura a partir da visão dos ribeirinhos/as e pescadores/as apresentada no II Congresso Nacional de Pescadores e Pescadoras da Bacia do São Francisco. O evento aconteceu de 1º a 03, na Ilha do Fogo, entre Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), reunindo cerca de 500 pescadores/as de toda e extensão da Bacia, além de movimentos e entidades sociais ligada a atividades pesqueira.

O São Francisco agoniza da nascente a foz… a realidade do rio vem piorando”, diz o pescador e representante do Movimento dos Pescadores do Alto São Francisco, Josemar Durans. Foi nesse tom que a voz dos/as representantes dos/as pescadores/as de cada região da bacia ecoou a atual situação do Velho Chico e dos profissionais que vivem da pesca artesanal ao longo do leito do Rio. A conjuntura atual da região do Alto, apontada por Josemar, é de falta de investimento em Saneamento, já que o esgoto adentra o rio sem nenhum tratamento, o envenenamento do Rio por meio de agrotóxicos e resíduos das indústrias, além do avanço na implantação de projetos de irrigação. Outros impactos apontados são o avanço do agronegócio, e como o hidronegócio vem retirando os territórios dos ribeirinhos e da classe trabalhadora em nome de um modelo de desenvolvimento que não contribuem com a vida do rio e das pessoas. Uma realidade não somente do alto, mas de toda a bacia como apontaram, posteriormente, os/as pescadores/as.

Outra ameaça que surgiu neste apontamento da conjuntura, foi como a pesca predatória e a psicultura vem ameaçando a pesca artesanal e a própria reprodução dos peixes nativos ao longo rio, um levantamento feito na região do Médio São Francisco. Somada a está situação, as mineradoras na região de Caetité, que além de outros impactos, contaminam o solo por urânio o que afeta também a produção familiar de alimentos de pequenos/as agricultores/as, assim como o desmatamento, entre outros agravantes, “nós não aguentamos mais esse problema…nós sofremos com estes grandes projetos”, desabafa José, que lamenta a ausência de fiscalização por parte dos órgãos competentes. O pescador também fez o alerta sobre a morta anunciada do Rio Corrente, com todas as ameaças que vem sofrendo.

Na região do Submédio, a realidade não é diferente, como pontuo Joaquim Vale, “a situação é crítica para nós pescadores, no ano de 2015 quase não tivemos peixes. Prevemos que 2016 não vai ser bom para a pesca, pois só soltam água para a geração de energia”, avalia. Joaquim também questiona a solução que os governos estão buscando para a chamada “crise hídrica”, a transposição do Rio Tocantins para o São Francisco. Ao final ele afirma que mesmo diante da realidade de negação de direito dos/as pescadores artesanais, “nós não vamos baixar a cabeça, vamos a luta”, afirma.

É doloroso escutar tanta dor, tanto pranto… nós estamos aqui preocupados com os problemas do São Francisco e quem está pagando a conta somos nós. Como temos um rio e os pescadores não podem pescar?”, questiona Marizela do MPP. Ela também pontua uma realidade que deixa a margem esta classe de trabalhadores/as, a negação do direito ao território, “os pescadores/as não tem terra”, afirma. O que para a pescadora Marcia Maniçoba, de Itacuruba – PE, é uma questão que precisa ser resolvida, “o pescador não tem direito a terra, a gente vai morar em uma canoa?”, questiona. Ela explica que na sua região, os/as pescadores/as realizam a sua profissão com medo de serem alvos da violência dos que dominam a terra, e não permitem que estes se aproximem das suas áreas para realizarem a pescal tradicional e artesanal.

A questão da contaminação da água do Rio por parte do agronegócio também foi pontuada pelos participantes, “o agronegócio tira água limpa do rio e joga veneno”, enfatiza Maria José, da CPP Nacional. Uma realidade, cujos os impactos na saúde da população e do rio não são estudadas, avaliadas, “não podemos pescar e nem beber a água do Rio por conta da poluição”, denuncia um participante. Realidade que tem se agravado com o avanço do agronegócio e da industria ao longo da bacia. “A gente percebe que no entorno da bacia prevalece a lógica de degradação e exploração do grande capital”, comenta Maria José.

Com todas estas questões, neste momento inicial do Congresso, os/as participantes enfatizaram como o lema do evento “Grito do Rio e seu povo na busca do bem viver” representa bem a real conjuntura vivida pelos povos ribeiros e pelo Velho Chico. “ A existência da pesca artesanal e a reprodução de peixes nativos estão ameaçadas, não sabemos o futuro da pesca artesanal diante das grandes obras e da negação de muito direitos”, avalia Maria Celeste, da Coordenação Nacional do Movimento dos Pescadores/as artesanais.

Comunicação IRPAA

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