O ex-chefe de gabinete do senador Delcidio do Amaral, Diogo Ferreira, revelou detalhes e entregou provas em sua delação premiada, homologada no último dia 14 pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF). Delcídio do Amaral também fez acordo de delação, que também foi homologado pelo ministro Zavascki.
Diogo Ferreira contou em depoimentos à Procuradoria Geral da República como se deram os pagamentos que supostamente seriam destinados à família de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras.
A advogada de Cerveró, Alessi Brandão, negou as acusações de Diogo Ferreira e afirmou que a família do ex-diretor da Petrobras não recebeu o dinheiro citado na delação.
Diogo Ferreira explicou que viajou três vezes para São Paulo a fim de pegar dinheiro. E que na primeira vez, em 12 de junho do ano passado, recebeu orientações do empresário Mauricio Bumlai, filho de Jose Carlos Bumlai – investigado na Lava Jato e amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O G1 procurou a defesa de Maurício Bumlai, mas não havia obtido resposta até a última atualização desta reportagem.
Por telefone, o advogado de Diogo Ferreira, Délio Lins, afirmou ao G1 que não acrescentará informações além do que já foi dito pelo ex-chefe de gabinete de Delcídio na delação. O G1 procurou o advogado do senador Delcídio, Antônio Figueiredo Basto, mas não conseguiu localizá-lo.
Em uma troca de mensagens em um aplicativo, Mauricio Bumlai gravou mensagem de áudio com o que, segundo a delação, é uma orientação para Diogo Ferreira:
“É melhor ele te pegar lá… saindo ali do desembarque, no mesmo piso, você nem desce a rampa de táxi. Sai ali à direita, e ele já vai tá la, tá? Eu vou te passar … os dados do carro dele, aí você liga para ele e fala… já estou saindo… ele estará lá… É um Ômega preto, placa NRO 8808, NRO 8808, um Omega preto.”
Segundo a delação de Diogo Ferreira, a orientação era para que ele, Diogo, pegasse dinheiro dentro de um carro, no aeroporto de Congonhas (SP).
O ex-chefe de gabinete contou que, dentro do carro “havia uma sacola com uma caixa de vinho e que o motorista disse que aquela era a encomenda de Mauricio Bumlai”.
Diogo Ferreira relatou que pegou o dinheiro e entregou depois, ainda no aeroporto, para Edson Ribeiro, que era advogado de Cerveró.
O ex-assessor disse nos depoimentos que, segundo Delcidio do Amaral, esses pagamentos, apesar de feitos a Edson Ribeiro, era direcionados à família de Cerveró.
Ao G1, o advogado de Edson Ribeiro, Marcos Criciúma, afirmou que o cliente “nunca recebeu dinheiro de propina” e não tem “nada a ver com o caso”.
G1