Uma viagem ao mundo da subjetividade nordestina e brasileira. Este foi o roteiro de um grupo de 38 estudantes de Petrolina – PE, que aproveitou o feriado de Tiradentes para conhecer de perto espaços históricos, culturais e mitológicos, a exemplo do Juazeiro do Padre Cícero e dos museus de Patativa do Assaré (CE) e de Luiz Gonzaga, em Exu – PE.
Durante três dias (21, 22 e 23 deste mês), a Rota Sertão Mundo levou os alunos da 2ª série do Ensino Médio do Plenus Colégio e Curso por um passeio interdisciplinar e contextualizado, que aproximou o sertão convencional do contemporâneo. Na primeira parada, em meio à Floresta Nacional do Araripe – Apodi, na divisa dos estados do Ceará, Pernambuco e Piauí, lições de biologia se misturavam a aspectos arqueológicos da primeira Floresta Nacional do Brasil, criada em 1946.
Depois, os alunos, na companhia de professores e coordenadores do colégio, foram até Juazeiro do Norte, para uma breve visita ao Geossítio Colina do Horto, que compreende a estatua do Padre Cícero, o Museu Vivo do Padre Cícero, a igreja do Senhor Bom Jesus do Horto e a trilha de acesso ao Santo Sepulcro. Para o estudante Pedro Kaliel, um momento “mágico, pois vivenciamos uma aula a céu aberto que extrapola o conhecimento do livro e dos exemplos no quadro negro, fazendo a gente pensar e respeitar por que estamos realmente conhecendo os fatos onde eles aconteceram”.
A parada seguinte foi no Campo de Concentração do Buriti, já na cidade do Crato, onde todos ficaram conhecendo uma página que a história oficial do país insiste em não contar. Com as secas do início do século 20, surgiram no Ceará os “Currais do Governo”, também imortalizados no livro O Quinze, de Raquel de Queiroz, para onde eram levados os “retirantes da seca”.
Conhecer para respeitar
O segundo dia da Rota Sertão Mundo começou com uma visita ao Memorial Patativa do Assaré, onde os alunos tiveram acesso a detalhes interessantes da trajetória deste poeta popular, conhecido internacionalmente por obras como o livro “Cante Lá que eu Canto Cá” e músicas de sucesso, a exemplo de Vaca Estrela e Boi Fubá e A Triste Partida, mais conhecidas nas vozes de Fagner e Luiz Gonzaga.
De volta à estrada, o destino agora leva ao município de Nova Olinda, onde o assunto da aula é aFundação Casa Grande e Memorial do Homem kariri. Uma guia, ainda adolescente, Yasmine Silva, recepcionou o grupo falando do histórico da entidade não governamental, que forma crianças e jovens através de programas nas áreas de Comunicação, Artes, Turismo e Memória. Na sequência, o ônibus segue para o Museu de Paleontologia Santana do Cariri, situado na cidade do mesmo nome, que é uma verdadeira referência para pesquisadores de todo mundo. Com um acervo de mais de 3000 peças, principalmente fósseis do período cretáceo de cerca de 110 milhões de anos atrás, os estudantes tiveram uma narração completa da vida pré-histórica da região do Cariri.
O grupo de alunos se despediu do roteiro, após uma visita à estância hidromineral do Balneário do Caldas, em Barbalha e, de volta ao sertão pernambucano, uma parada mais que estratégica na cidade de Exu (Museu de Luiz Gonzaga) para um mergulho na musicalidade e na poesia do eterno Rei do Baião. Segundo a aluna Júlia Romana, a viagem foi uma sucessão de emoções, descobrimentos e aprendizado. “Com certeza hoje sou uma pessoa muito mais consciente da importância da nossa nordestinidade e do respeito que devemos aos ícones culturais, históricos e geográficos desta região tão rica e pouco conhecida dos próprios brasileiros”.
Criada há oito anos, a Rota Sertão Mundo já realizou um vídeo documentário em 2009, publicou um livro em 2010 e, como resultado desta edição, os alunos vão fazer uma exposição fotográfica na UPE – Universidade de Pernambuco, durante o Clisertão, entre os dias 2 e 6 de maio próximo. Para o coordenador da Rota e professor Genivaldo Nascimento, o propósito maior do projeto é fazer com que os jovens conheçam a região para respeitar a história.
“Esta viagem é uma síntese dos sertões nordestinos, da convivência entre o tradicional e o contemporâneo. Da interdisciplinaridade que nos leva a tratar de temas da Biologia, Geografia, História e Cultura, assim como procuramos entender o cangaço, o messianismo, a religiosidade popular e a questão ambiental”, concluiu Genivaldo Nascimento.
Fonte: Clas Comunicação e Marlenting