Com o objetivo de enfrentar o preconceito e incentivar a tolerância entre as pessoas, foi lançada nesta terça-feira (17) campanha ‘Educação com igualdade: pelo fim da violência baseada em gênero e sexualidade nas escolas’. Até quarta (18), a iniciativa, promovida pelo Instituto Papai em parceria com o Núcleo de Pesquisas em Gênero e Masculinidades da Universidade Federal de Pernambuco (Gema/UFPE) e a Frente Popular da Diversidade, pretende levantar debates públicos sobre a violência contra os homossexuais.
O mote das atividades é o Dia Internacional de Combate à Homofobia, Lesbofobia e Transfobia, celebrado nesta terça. Por isso, uma série de ações voltadas para a população da comunidade de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBT) é realizada no Recife ao longo da semana.
A campanha prevê entrega de material informativo sobre o direito da população LGBT, oficina de cartazes e uma aula pública na Praça da Várzea, Zona Oeste da capital, na manhã desta terça. Para quarta, as ações se concentram na Escola Estadual Cândido Duarte, localizada no mesmo bairro, onde os alunos devem participar de oficinas de sensibilização e diálogo. Também, nas camisetas dos jovens, vai ser fixada a logomarca da campanha.
Para o coordenador do Gema/UFPE, Benedito Medrado, a escola precisa ser um espaço de conscientização e acolhimento para evitar a prática do bullying, pela qual adolescentes e crianças são discriminados pelos colegas. “Todo mundo sabe falar sobre sua própria vida. A gente tem histórias que a gente muitas vezes não conversa, não fala, mas as histórias estão por aí. E muitas histórias são mapeadas pelo preconceito e não são ditas”, acredita.
O coordenador do projeto Diversidade do Instituto Papai, Thiago Rocha, lembra que a data não é uma comemoração, mas um alerta. “É um dia de reforçar, sim, as diversas formas de preconceito, de discriminação que são cometidas, e a gente, este ano, fez um direcionamento às escolas, onde, em várias pesquisas, mais se comete esse tipo de agressão”, afirma.
Serviços
Além da campanha, políticas públicas destinadas para o segmento LGBT devem ser fortalecidas a partir de quarta-feira (18). A primeira ação consiste na colocação de placas nas praças da capital pernambucana. Nelas, estão contidos os textos das duas leis municipais que buscam coibir qualquer atitude de preconceito ou discriminação com base na orientação sexual, além dos serviços oferecidos pelo Centro Municipal de Referência em Cidadania LGBT da Prefeitura do Recife.
Na quinta, está previsto o lançamento da cartilha ‘Guia de Cidadania LGBT’ no Centro de Referência, no bairro da Boa Vista, às 10h. A intenção do poder municipal é distribuir esse conteúdo em todos os órgãos públicos nas próximas semanas. No mesmo dia, o Balcão da Cidadania, também no Centro LGBT, vai disponibilizar, das 8h às 17h, diversos serviços jurídicos e de saúde que são de interesse dessa população.
Entre os serviços oferecidos, estão o encaminhamento de processos de retificação do prenome e sexo no Registro Civil à Defensoria Pública do Estado, emissão de carteira do Serviço Único de Saúde (SUS) com ou sem nome social e teste de HIV, além do cadastramento de denúncias de violência contra qualquer membro da comunidade. Os interessados devem leva o RG, carteira de trabalho, CPF e comprovante de residência.
“Queremos reparar toda essa violência contra a comunidade LGBT. Para isso, a gente vai também às escolas. O grande objetivo é evitar a evasão escolar principalmente dos transexuais, que, por sofrerem discriminação e agressões, abandonam a escola muito cedo e passam a viver da prostituição. Por outro lado, temos meninos que estão na descoberta da sexualidade e que, se não se sentirem acolhidos, vão deixar esse espaço”, explica o gerente de Livre Orientação Sexual da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Wellington Pastor.
De acordo com o órgão, a taxa de evasão chega a 70% nas escolas em todo o país. Desde janeiro deste ano, o Centro de Referência em Cidadania LGBT já realizou 225 atendimentos, que englobam assistência a vítimas de violência física ou psicológica e prestação de serviços jurídicos e de saúde. “O que não deixa de ser uma violência do Estado, na falta de garantia dos direitos”, reitera Pastor. O espaço funciona na Rua dos Médicis, 86, no bairro da Boa Vista, no centro da capital.
G1