A campanha “Eu Viro Carranca para Defender o Velho Chico” foi lançada oficialmente pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) em Belo Horizonte na quarta-feira (1º) com a presença de jornalistas de todo o Brasil. O Diário da Região esteve presente e trouxe detalhes da entrevista nesta edição dedicada ao Velho Chico.
O Comitê do São Francisco realiza este ano a terceira edição do Dia Nacional em Defesa do São Francisco e pretende realizar uma grande mobilização em prol do rio mais importante para a integração do território brasileiro. Tudo será realizado no Dia Nacional em Defesa do Rio São Francisco, hoje, 3 de junho.
A carranca é o ícone da campanha, que tem como ponto alto uma barqueata, a partir das 9h, nas águas sãofranciscanas que unem as cidades de Juazeiro e Petrolina. Estudantes das escolhas públicas municipais participarão do ato, além de ativistas, pescadores e comunidades tradicionais. Outra novidade que o comitê traz para essa edição é a participação dos acadêmicos no Simpósio da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (SBHSF), que acontecerá de 5 a 9 de junho na Univasf.
Após exposição geral da programação e trabalhos desenvolvidos pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco foi a vez dos jornalistas tirarem suas dúvidas com relação a campanha, o simpósio, e a revitalização do São Francisco.
Campanha
O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Anivaldo Miranda, explicou que a ideia da campanha é chamar a atenção de todos – moradores, ativistas, gestores públicos, autoridades políticas, artistas e educadores – para os graves problemas enfrentados pelo rio e sua bacia e para a necessária e urgente revitalização, a fim de que o Velho Chico continue alimentando a vida e a esperança dos 15,5 milhões de brasileiros que dependem direta ou indiretamente de suas águas.
Sobre a escolha da carranca, Anivaldo Miranda foi sucinto. “A carranca é o maior símbolo do Rio São Francisco. Ela podia ser vista nas embarcações navegando pelo Velho Chico. Hoje elas também estão sumindo, pois poucos barcos ainda cortam o rio. Então agora a carranca é usada em defensa do São Francisco”, expôs.
Simpósio
Com relação ao simpósio, o coordenador Renato Garcia explicou que os acadêmicos foram instigados pelo comitê a se envolver nessa luta, a saírem das paredes das universidades, e o desafio foi aceito. De acordo com o professor Dr. Renato Garcia, o simpósio terá como objetivo a construção da integração nacional do conhecimento científico em torno do rio e sua bacia. “O evento será realizado pelo Fórum de Pesquisadores de Instituições de Ensino Superior da Bacia do São Francisco, juntamente com o CBHSF, o evento ocupará as dependências da Universidade Federal do Vale do São Francisco, nos campi Juazeiro e Petrolina. A programação congregará cinco eixos temáticos: governança, qualidade da água, quantidade da água, recuperação ambiental e dimensão social na expectativa de estabelecer o estado atual do conhecimento sobre esse rio de extrema importância nacional”, declarou durante sua explanação.
Desafio
Uma das perguntas da nossa reportagem foi justamente se o comitê está preparado para receber e colocar em prática as orientações que vão surgir a partir do simpósio. O secretário do CBHSF, Maciel Oliveira, respondeu que essa parceria, proposta pelo comitê é desafiadora e explicou ao Diário da Região que a ideia é exatamente cumprir com as sugestões. “Nós diante do quadro que o rio se apresenta buscamos os acadêmicos para entender as dificuldades do rio e saber que pesquisas foram feitas e como poderíamos colocá-las em prática. O simpósio vai começar a produzir essa linha que pretendemos seguir”, esclareceu.
Dando continuidade à resposta o coordenador do SBHSF frisou durante a coletiva que esse é apenas o primeiro encontro de outros infinitos que serão realizados e que nesse primeiro momento será redigido um documento inicial. “Mas esse documento não será definitivo. Há muito trabalho a fazer, estamos apenas no início. E nos sentimos satisfeitos em poder colaborar com uma causa como essa”, afirmou.
Revitalização
Outro ponto tratado na coletiva foi a transposição e revitalização do São Francisco. Os representantes do comitê disseram que não é mais hora de se colocar contra ou a favor do projeto da transposição, que já está em andamento. “Queremos discutir a revitalização. Contribuir efetivamente com o rio, com as intervenções ambientais nas diversas cidades da bacia e provocar discussões fundamentais nas diversas esferas de poder e decisão, o comitê quer provocar toda a sociedade para a defesa desse bem comum. Desta vez, com a contribuição fundamental do campo científico. O resultado da campanha, nos últimos dois anos, tem sido muito positivo, com um engajamento acima das expectativas. Esperamos que este ano não seja diferente, pois ‘virar carranca’ para defender o rio toca na identidade do povo sãofranciscano”, destacou finalizando a coletiva.
Por Lidiane Souza
Foto: Acervo CBHSF/Hugo Cordeiro




