Titular absoluto e intocável. É o status obrigatório de Neymar na seleção brasileira. Seja na principal de Felipão a Dunga ou na olímpica de Rogério Micale. O vício da Neymardependência,que o treinador do time sub-23 admitiu tê-lo contagiado (e com gosto), é tanto que em momento algum em 12 dias de preparação para os jogos olímpicos do Rio de Janeiro o atacante esteve fora da equipe titular. Mas a ocasião – toc, toc, toc! – está longe de ser inimaginável.
Se lesões não são exatamente obstáculo na carreira do jogador – exceção para a traumática entrada de Zuñiga no craque na Copa de 2014 -, os cartões se tornaram constantes motivos de ausências. Desde o fim do Mundial no Brasil, Neymar – que não atuou contra a Alemanha e a Holanda – jogou apenas cinco dos 10 jogos oficiais da seleção. Ficou suspenso de quatro partidas após expulsão na Copa América do Chile de 2015 – desfalcando a equipe duas vezes no torneio intercontinental e outras duas nas eliminatórias da Copa da Rússia. E de mais um outro jogo pelo segundo cartão amarelo nos únicos dois jogos que fez na disputa classificatória para o mundial russo. A ausência de Neymar significa diferença brusca de rendimento.

O número de cartões de Neymar nos últimos tempos está longe de ser desprezível. Nas últimas competições oficiais – Copa das Confederações 2013, Copa 2014, Copa América 2015 e Eliminatórias 2018 -, Neymar soma sete cartões – seis amarelos e um vermelho – em 15 jogos.
Nos treinos do Mundial de 2014, Felipão terminou improvisando Bernard contra a Alemanha nos 7 a 1 do Mineirão. Com Dunga, as alternativas variaram quando ele não pode contar com Neymar. Ora jogou Douglas Costa, ora Ricardo Oliveira, alterando o esquema de jogo, e Hulk.
Micale repete os treinadores da seleção neste ponto: não treinou o time sem Neymar até o momento. Em todas as atividades em Teresópolis e nas duas realizadas em Goiânia o capitão da seleção esteve em campo. Foram mais de 20 horas de treino com bola. Em caso de qualquer imprevisto com o capitão da seleção – lesão ou suspensão -, Micale teria que fazer a mudança e testá-la com intervalo de apenas dois dias de um jogo para o outro. O “treino” seria muito mais na base do papo do que no campo. Geralmente, o dia seguinte aos jogos é dedicado à recuperação de atletas, o segundo dia quem atuou volta a campo e no terceiro já vai para o jogo.
Na entrevista coletiva da véspera do jogo, Micale respondeu sobre que alternativas enxergava se tivesse que mudar a forma do time jogar. Referiu-se a casos em que precise virar ou empatar um jogo “desfavorável”. O treinador lembrou que o tempo exíguo de preparação não lhe permitia muitas mudanças.
– Temos um plano B, só não temos o C, porque com 10 dias você tem que solidificar conceitos. Quando começa a ter muitas variações de uma plataforma que você quer construir, acaba perdendo foco de trabalhar algo muito bem e trabalhar muitas coisas mais ou menos. Para quem está acompanhando, está claro que temos um plano B, caso a gente precise mudar uma situação de jogo desfavorável. Vamos acreditar naquilo que temos como proposta – disse o treinador.






