Depois de anos de polêmica, a capital francesa inaugurou nesta terça-feira (11.10) sua primeira sala de consumo seguro de entorpecentes, em um hospital situado ao lado da estação de trem Gare du Nord, no 10° distrito.
O local de 450 m2 oficialmente aberto pela ministra da Saúde, Marisol Touraine, e pela prefeita de Paris, Anne Hidalgo, começou a receber os primeiros usuários nesta sexta-feira (14.10), entre 13h30 e 20h30. A capacidade de atendimento será de 100 pessoas por dia, obrigatoriamente maiores de idade, que trarão suas próprias drogas.
A aplicação será supervisionada por profissionais qualificados, que fornecerão material descartável. Inicialmente, a sala funcionará durante seis anos − a continuidade do projeto dependerá do resultado.
O bairro perto da estação Gare du Nord é o mais frequentado por usuários de drogas injetáveis e inaladas em Paris, mas a abertura da sala é contestada pela vizinhança, que bloqueou a abertura de um local previsto não muito longe, em La Chapelle.
Os partidos de direita franceses também são contrários à iniciativa. Muitos temem que a sala atraia ainda mais traficantes para a região. Além disso, eles alegam que o ministério não propõe uma terapia para quem queira abandonar o vício.
“Estigmatizar os usuários não resolve nada”
Esses argumentos são refutados pelos defensores do projeto. “Essa sala vai permitir que os riscos de infecção, de transmissão de doenças e overdose sejam reduzidos”, explicou a ministra Marisol Touraine em entrevista ao jornal Libération. “Sempre me preocupei com a situação sanitária de alguns usuários, marginalizados, excluídos, sem nenhum acesso a tratamento. Estigmatizá-los não resolve nada.”
O governo liberou em março uma subvenção de € 850 mil para colocar a sala em funcionamento. Ela será gerenciada pela associação Gaia, que já está à frente de dois programas destinados aos toxicômanos há mais de 20 anos, distribuindo seringas e atendimento médico em uma van.
A política de redução de danos já é utilizada com sucesso em vários países, como a Alemanha, Canadá, Espanha, Dinamarca, Luxemburgo, Noruega, Holanda e Suíça. Na França, a próxima cidade a testar o dispositivo é Estrasburgo e uma sala também poderá ser inaugurada em Bordeaux.





