A Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou um estudo em 2009 no qual revela que 68,43% da população do País é católica. Este alto índice de religiosidade reflete também no cardápio do brasileiro, visto que durante a Semana Santa, a tradição estabelece que os fiéis não comam carne. Assim, o consumo de peixe aumenta neste período e, consequentemente, os casos de ingestão acidental de espinha de peixe crescem cerca de 40%, segundo o Hospital das Clínicas de São Paulo.
As complicações podem ser graves, pois a espinha de peixe pode perfurar o esôfago e se instalar no órgão, provocando um desconforto na laringe, dor e dificuldade para engolir e, quanto maior a espinha, maior a gravidade do quadro, segundo o endoscopista, do Setor de Endoscopia do Hospital das Clínicas de São Paulo, Dr. Dalton Chaves. “Em casos mais graves, a perfuração do esôfago pode levar à uma grave infecção. Outra situação de risco ocorre quando a espinha atinge a aorta, principal artéria do corpo, e pode resultar em aneurisma com morte súbita”, revela o especialista.
No entanto, em grande parte dos casos não há motivo para alarde, uma vez que em apenas 1% dos episódios, o procedimento cirúrgico se faz necessário. Portanto, se a espinha ultrapassar o esôfago, há 90% de chance de ser eliminada pelas fezes, enquanto 10% precisarão realizar o exame de endoscopia ou laringoscopia. “A solicitação de exames é fundamental para a correta avaliação do quadro clínico. Além dos exames endoscópicos, o raio-X e uma tomografia também podem ser pedidos”, alerta o médico.
Com o objetivo de evitar esse desconforto, o Dr. Dalton Chaves salienta algumas medidas preventivas e faz algumas recomendações:
– Dê preferência ao filé de peixe;
– Não provoque o vômito ou coma farinha, por exemplo, para tentar remover a espinha. Procure o pronto-socorro imediatamente.
– Não consuma bebida alcoólica antes das refeições; a embriaguez piora o quadro;
– Pessoas que usam dentadura são mais propensas ao problema. Portanto, evite o consumo.