Com olhar firme, expressão serena e sorriso fácil, Joãozinho Maravilha é um artista multifacetado. Nos últimos cinco anos esteve presente no Carnaval de Petrolina alternando entre o polo da 21 de Setembro e o palco da orla, mas neste ano se apresentou no polo da Cohab VI. Uma novidade que considerou interessante, pois pôde se aproximar daquela comunidade e cantar para um público com média de cinco mil pessoas. “Eram crianças, senhoras, senhores e jovens. Gente de toda idade dançando e se divertindo”, relata, de forma entusiasmada.
Este ano, Joãozinho não pôde colocar o bloco Maravilha na rua como sempre faz porque sua esposa Catarina Miranda Alves, carinhosamente apelidada de Quinô, com quem convive há 20 anos, estava doente.
No palco, acompanhado por uma orquestra de sopro com oito componentes, o artista tocou marchinhas carnavalescas antigas, muito frevo e samba de raiz, além “da ousadia de apresentar dois reggaes”, como ele mesmo enfatizou. Recebeu convidados como o mestre da guitarra baiana Ademar que tocou axé, Cabecinha que cantou samba de raiz e Dilson Nascimento interpretando canções de Alceu Valença. “Foram três horas de muita animação. Ninguém ficou parado. Foi muito entusiasmante”.
Questionado sobre a escolha da prefeitura em privilegiar artistas locais, Joãozinho apoiou a iniciativa. “Os artistas reconhecidos nacionalmente já fazem muitos shows, inclusive por aqui. Então o artista da terra, a prata da casa precisa ser valorizada”, disse, de modo reflexivo, parabenizando em seguida o prefeito Miguel Coelho e a secretária de Cultura, Maria Elena, pela realização do Carnaval com este formato e por permitir que tantos artistas locais participassem da festa, enfatizando a importância do envolvimento da associação de moradores da Cohab VI na festa.
Natural de Juazeiro do Norte-CE e prestes a completar 56 anos, João Batista dos Santos mora em Juazeiro-BA há duas décadas. “Quem bebe das águas do Velho Chico não quer ir embora. Amo estas cidades e tenho uma relação de muita proximidade com ambas”, pontua, referindo-se também à vizinha Petrolina.
O cantor também dá margem para outro talento, o de radialista. Desperta diariamente às 3h30 da madrugada e às 5h já está no ar com o Acorda Sertão, programa que conduz na Emissora Rural. Em seguida, se dirige à Tabajara FM para apresentar seu segundo programa matinal. Aos sábados e domingos também está no rádio. “Em 1978 e 1979 gravei meu primeiro disco pela Continental, mas não tocava no rádio. Prometi a mim mesmo desde então que se conseguisse espaço como locutor, iria trabalhar para promover os artistas locais, que fazem um som alternativo e estão afastados da grande mídia”, diz, afirmando ser um militante pela causa da música e dos artistas, tendo fundado inclusive a Associação dos Músicos Independentes do Sertão de Pernambuco.
Com passagem pelas rádios Cidade, Juazeiro e A Voz do São Francisco, Joãozinho Maravilha confidencia que é fã de Elke Maravilha, daí a referência que carrega consigo em seu nome artístico. Em 1972 participou de programas de calouro em São Paulo, passando pelos palcos de Silvio Santos, Raul Gil e Chacrinha. Ainda escreve o Blog do Joãozinho Maravilha e escreveu o livro “Os Pescadores”. Seu orgulho ao morar em Juazeiro e trabalhar em Petrolina foi reconhecido por ambas as casas legislativas, sendo agraciado com o título de cidadão juazeirense e petrolinense. Joãozinho se despede agradecendo pela entrevista e esperando poder alegrar mais gente com sua música e seu talento. Nós é que agradecemos, Joãozinho Maravilha.
Por Juliano Ferreira*
*Com supervisão de Lidiane Souza


