Com pauta difusa, atos do MBL e Vem Pra Rua têm baixa adesão

imageA julgar pelo tamanho das manifestações deste domingo 26, o Movimento Brasil Livre e o Vem Pra Rua, protagonistas da mobilização nas ruas pelo impeachment de Dilma Rousseff, parecem ter perdido fôlego em quase um ano de governo Temer.

Se em março de 2016 os movimentos levaram 500 mil manifestantes às ruas em São Paulo, segundo o Datafolha, para pedir o afastamento da petista, hoje os atos mostraram-se esvaziados, mesmo em comparação às manifestações contra o pacote anticorrupção. Realizado em dezembro, o ato contra as mudanças no pacote proposto pelo Ministério Público Federal e desfigurado na Câmara reuniu 15 mil cidadãos em São Paulo, segundo estimativas da PM.

Pouco mais de um ano após medir 1,4 milhão de manifestantes no ato em defesa do impeachment de Dilma na avenida Paulista, quase três vezes a contagem do Datafolha, a PM não divulgou estimativas da manifestação em São Paulo neste domingo 26.

Segundo os organizadores, 15 mil foram às ruas. Em Brasília, a PM estimou apenas 500 participantes. Embora as autoridades do Rio de Janeiro não divulguem estimativas em protestos, as fotos revelam a baixa adesão da população carioca.

A falta de uma pauta clara ajuda a explicar o desinteresse. Os atos dedicaram-se a temas difusos como o apoio à Lava Jato, a defesa do fim do estatuto do desarmamento, o foro privilegiado e as críticas à proposta de voto em lista fechada.

Embora o MBL e o Vem Pra Rua defendam as reformas da Previdência e trabalhista, houve manifestantes que foram às ruas para protestar contra as mudanças nas regras das aposentadorias, pauta que levou, em 15 de março, mais de 100 mil manifestantes à avenida Paulista.

Uma antiga proposta de parlamentares do PT, que viam na medida um estímulo ao fortalecimento de temas programáticos nas eleições, a lista fechada, ou seja, o voto em um partido e não em candidatos, tem a simpatia dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE).

Para os movimentos MBL e Vem pra Rua, a medida é vista como uma tentativa de proteger investigados na Lava Jato e viabilizar suas reeleições, para que mantenham o foro privilegiado. O líder do movimento Vem pra Rua, Rogerio Chequer, defende a adoção do voto distrital ao invés dá lista fechada.

 São Paulo

Esvaziado, o ato em São Paulo concentrou suas críticas em temas tão difusos como a lista fechada, os “supersalários”, o foro privilegiado e a anistia ao caixa dois.

O MBL, que pretendia caminhar até o Largo da Batata, onde normalmente acontecem protestos de movimentos de esquerda, decidiu manter o seu carro de som na esquina da Paulista com a alameda Campinas, após o movimento mudar de avaliação sobre o tamanho que o protesto iria atingir.

Defensor da candidatura de João Dória, prefeito de São Paulo, à Presidência em 2018, Kim Kataguiri criticou os tucanos Aécio Neves, José Serra e Geraldo Alckmin. “Alguém vai sair falando ‘Aecio guerreiro do povo brasileiro’ se ele for preso? Claro que não”, afirmou o coordenador do movimento.

O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) foi um dos poucos políticos presentes ao ato. “Vim a todas as manifestações. Hoje, estou aqui pelo fim do foro privilegiado e contra a lista fechada”, afirmou o senador.

Rio de Janeiro

No Rio, os manifestantes estiveram longe de ocupar a Avenida Atlântica, em Copacabana, como fizeram em atos anteriores. A expectativa dos organizadores era de 20 a 30 mil participantes, mas o número ficou bem abaixo do esperado. Apesar de a Polícia Militar não divulgar estimativas em manifestações na capital fluminense, as clareiras no ato mostram a baixa adesão.

O MBL distribuiu cinco carros de som ao longo de cinco quadras da Avenida Atlântica. A concentração dos manifestantes se restringiu aos carros, principalmente em frente ao Othon Palace. Alguns apoiadores de Jair Bolsonaro marcaram presença.

Brasília

Em Brasília, o Vem Pra Rua mobilizou cerca de 500 manifestantes,segundo a Polícia Militar do Distrito Federal. O movimento centrou suas críticas em itens da reforma política em tramitação no Congresso Nacional e no apoio à Operação Lava Jato.

Os organizadores criticam as manobras para anistiar o caixa dois, o aumento dos recursos para o fundo partidário e o voto em lista fechada.

No ato, houve o enterro simbólicos de 12 políticos, entre eles os ex-presidentes Collor, Lula e Dilma Rousseff. O senador Aécio Neves e aliados de Temer não foram poupados. No “funeral”, foram velados o presidente da Câmara Rodrigo Maia  e o presidente do Senado Eunício Oliveira.

Os manifestantes não chegaram a protestar enfaticamente contra Temer, mas houve quem criticasse a reforma da Previdência e mandasse um aviso ao atual presidente.

“Acorda, hein, Temer. Quem tirou a Dilma também pode tirar você”, repetia o locutor que comandava o carro de som dos poucos manifestantes.

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