Um diagnóstico do baixo nível de leitura e interpretação de estudantes da Escola Municipal Dom Antonio Malan, na zona rural de Petrolina, gerou não só incômodo, mas ação. Mais do que se preocuparem com os resultados abaixo do esperado dos alunos, professoras e gestora perceberam que era preciso fazer algo. Para mudar a relação de um grupo de estudantes que apresentava dificuldades de aprendizagem, foi criado o Aprende Mais, projeto de monitoria que estimula a cooperação entre alunos no desenvolvimento de competências em leitura e interpretação de texto.
A ação teve início no ano passado, e os resultados já apareceram. De acordo com a diretora da escola, Helenilda Amorim, o senso de responsabilidade, o compromisso e o protagonismo juvenil ficaram evidentes no grupo. “O trabalho teve início após análise de diagnósticos de leitura e escrita realizados no começo do ano letivo. Percebemos que era necessário um projeto de intervenção para reforçar a aprendizagem de 12 alunos. Nesse tempo, foi possível perceber nos alunos monitores comprometimento e satisfação em poder contribuir com os colegas”, avalia.
A professora Maria Salvanei notou ainda maior interação entre os estudantes, mesmo os de séries diferentes. “Temos visto também um melhor desempenho no que tange a competência leitora, sendo esse aspecto visível nas apresentações (orais e escritas) realizadas por eles”, pontua.
Dos 177 alunos matriculados na escola localizada a cerca de 65 km do Centro de Petrolina, dez continuam recebendo aulas pelo projeto. Daniel Gomes, de 15 anos, é um deles. Em uma autovaliação, o estudante percebeu que perdeu a timidez ao fazer leituras em público. “Meu nervosismo diminuiu, pois eu era muito envergonhado para ler em voz alta. Ler na frente de uma pessoa é diferente de ler para a turma toda”, afirma.
Para os estudantes que atuam como monitores, participar do projeto não significa apenas ensinar, mas também aprender. “Quando comecei, minha letra era diferente. Eu não só ensinei, mas melhorei minha leitura e minha letra, que está mais bonita”, conta a aluna do 9º ano (antiga 8ª série) Ana Paula Barbosa, 13 anos. “Aprendi que ser professor é ser mais responsável, mais paciente. É apostar e acreditar que todo aluno pode aprender. Passei ser mais cuidadosa ao escrever”, completa Maria Eduarda dos Santos, 11 anos.