Muitas pessoas, independentemente de religião ou crença, acreditam na força de São Jorge, cuja memória é celebrada todo dia 23 de abril. Antes de ser reconhecido como santo pela igreja católica, e como guerreiro do ferro e das matas pelo candomblé, Jorge percorreu terras longínquas e lutou ardorosamente em defesa de sua fé.
No Brasil, quem popularizou São Jorge foram os negros africanos.
A história conta que os europeus consideravam sua religião superior e proibiam qualquer tipo de manifestação de fé contrária à sua. Para não perderem suas raízes religiosas, os africanos usavam imagens católicas em seus cultos, associando-as a algum orixá para não serem perseguidos. Esses fatores culturais e religiosos fizeram com que São Jorge encontrasse espaço definitivo também no candomblé.
Vestido em uma armadura em seu cavalo branco e atravessando o dragão com sua lança, o santo foi imortalizado e ganhou devotos em todo o mundo, principalmente entre aqueles que desejam resolver os conflitos da vida, abrir os caminhos e tirar os empecilhos à sua frente recorrendo, no candomblé a Ogum ou Oxóssi, como é reverenciado nos terreiros em algumas regiões do Brasil.
Coincidência ou não foi também em um dia 23 de abril que nascia às margens do Rio Paraguaçu, em Cachoeira, recôncavo baiano, Geraldo Dias de Andrade, que mais tarde, mesmo sem possuir as armas utilizadas por São Jorge, viria a ser um guerreiro na defesa dos interesses dos mais humildes, seja como homem simples que herdou do pai, o Sargento Narciso, a honradez e a coragem destemida, ou como oficial da Gloriosa Policia Militar da Bahia cuja parte da sua vida foi dedicada.
Das margens do Paraguaçu “mar grande” na origem tupi para as margens do São Francisco “opara” ou “rio grande” na linguagem indígena, Geraldo trilhou um caminho de desafios traduzidos em vitórias. Aqui, em terras sanfranciscanas, encontrou nos braços da professora Wilma Rosa o porto seguro, rodeado de amigos e alimentado pela fé no santo guerreiro. Delegado de polícia em diversas cidades da Bahia e coordenador estadual de trânsito, foi responsável pelas instalações das Ciretrans em vários municípios. Advogado e jornalista de mente fértil e privilegiada de seus causos, ele foi construindo histórias de personagens que invadem o imaginário de quem lê suas crônicas, transformadas em coletânea recentemente lançada.
Não existe nada mais agradável do que uma tarde na casa do Coronel Geraldo, ouvindo música e reencontrando amigos. Assim foi no último sábado (21) quando ele antecipou a data do aniversário e, como bom filho de Oxóssi, dono das matas, recepcionou a todos com uma fita verde de Senhor do Bonfim, rabada e o tradicional feijão baiano acompanhado de boa música e claro, cerveja gelada. Mas o sábado não foi bastante para festejar os 76 anos de vida deste guerreiro que se renova a cada dia no amor da família e na fé a São Jorge. No domingo, lá vamos nós tirar a ressaca na Ilha do Rodeadouro, a bordo da Barca Nilo Brasileiro, onde amigos e familiares de Gegeu, como é carinhosamente chamado, dividiram o carinho do aniversariante e somaram alegria com os novos amigos conquistados.
De Salvador vieram irmãos, cunhados e sobrinhos que se juntaram aos que aqui estavam para brindar a vida lavando o corpo e purificando a alma nas águas límpidas e areias claras do “Velho Chico”. Amigo Geraldo, que você continue sendo protegido pelas armas de São Jorge, que seus caminhos continuem se abrindo pela força de Oxóssi e que a paz e a harmonia reine para sempre no seu lar abençoado por Deus.