Infelizmente não consegui salvar todos, diz comandante da Cavalo Marinho I

“Tentei. Salvei muitas vidas, mas infelizmente não consegui salvar todas”, disse  Osvaldo Barreto, 52 anos, comandante da lancha Cavalo Marinho I, que virou na Baía de Todos-os-Santos, na quinta-feira (24), e deixou, ao menos, 19 pessoas mortas.
Em entrevista à TV Bahia, nesta segunda-feira (28), cinco dias após a tragédia, Osvaldo contou como o acidente aconteceu. “Depois que saímos de Mar Grande que começou a chover muito, ventou muito, o tempo fechou, mas a gente já estava na altura do banco de areia [quando o barco virou] e não dava mais para voltar. Começou a molhar por cima de uma frecha da lona que já estava para baixo para não molhar os passageiros. Boa parte dos passageiros foi para o lado da embarcação, foi quando a onda bateu e o barco virou. Senti que ia virar e disse: ‘vai virar, vai virar Jorginho[outro tripulante]’. A lancha não virou totalmente, ela ficou assim, deitada. Foi tudo muito rápido”, relatou.
Barreto disse que já tinha enfrentado o mar em situações climáticas semelhantes à do dia do acidente, sem complicações durante a travessia. No entanto, o tempo mudou, de repente, segundo ele. “Foi uma coisa que nunca vi antes. Do nada, o tempo estava navegável, e dentro de segundos, a gente viu a vida de muita gente, e quase a minha também, se perder”, disse.
O comandante de embarcações atua há 21 anos na profissão, há 10 na travessia entre Salvador e Mar Grande, e está há 3 anos na CL Transportes, empresa dona da lancha envolvida no acidente. Ele e os outros três tripulantes da Cavalo Marinho I já foram ouvidos pela polícia.  Odvaldo relatou, ainda, que no dia em que a lancha virou ele trabalhava no lugar de outro comandante, que estava de férias. Além disso, conforme Barreto, a Cavalo Marinho I não é usada frequentemente para fazer a travessia, porque é uma embarcação auxiliar, que numa espécie de reserva. “Tive que pegar a Cavalo Marinho I porque a Nossa Senhora da Penha, a que saía nesse horário de 6h30, foi para lavagem do casco e manutenção”, explicou.
O comandante Osvaldo mora em Mar Grande e conhecia muitas famílias de vítimas da tragédia. Durante a entrevista, ele relatou a tentativa dele e dos outros três tripulantes em salvar os ocupantes da embarcação. Conforme Barreto, quem estava na parte de baixo da lancha teve dificuldade de sair. “A lancha tem dois conveses. O superior e o inferior. Infelizmente, no convés inferior possui uma escada só, a subida e descida é por ali mesmo [única escada], e as janelas são mais fechadas. Esse pessoal [que estava na parte do baixo], infelizmente…”, interrompeu Osvaldo, emocionado.
Assim que conseguiu chegar na parte de cima do barco, jogou os botes e coletes salva-vidas na água para os passageiros, com a ajuda dos outros tripulantes. Duas lanchas deixaram o terminal de Mar Grande, logo após a Cavalo Marinho I, mas Osvaldo acredita que tanto os comandantes, quanto os passageiros, não viram que a embarcação virou e qe havia pessoas na água. “Eu creio que nas duas lanchas, o pessoal, eles não viram [sic.]. Mais ou menos 6h45 naufragou, quando o socorro chegou, foi umas 7h40. O momento de resgate foi intenso. O Cavalo Marinho III foi enviado ao local e começamos a colocar as pessoas, depois chegou a Santa Maria [lancha]. Em seguida, chegou um catamarã de Salvador, a terceira embarcação a chegar, que foi de ótima ajuda porque é um barco mais baixo e agilizou o resgate”, explicou.
O comandante da Cavalo Marinho I disse que não deu tempo de pedir socorro à Capitania dos Portos, pois a cabine onde ele estava, também ficou debaixo d’água e o rádio comunicador molhou. Ele relatou que conseguiu sair da embarcação para salvar os passageiros. “Quando a embarcação virou, eu mergulhei por baixo da porta do comando e consegui sair. Voltei para dentro da embarcação. Depois o teto da lancha se soltou e ajudei algumas pessoas a ficarem no teto, e orientei para que não saíssem de lá aguardando o socorro. Subi no teto da embarcação e fiquei acenando com os braços, mas estava chovendo e a visibilidade era pouca para quem estava na ponte. Além disso, a força da maré, levou a gente para longe da rota das outras embarcações. Ficamos distante uns 300 metros do local onde as outras embarcações passam”, relatou.
“Quero esclarecer a todos o que ocorreu. Não quero que ninguém passe por isso, nem meu pior inimigo. Não estou querendo me esconder, mas não consigo sair de casa, não ligo a televisão para não ficar lembrando dessa tragédia, só consigo dormir o dia inteiro. Eu só estou aguentando tudo isso porque minha família é muito unida e todos estão me ajudando”, enfatizou Osvaldo.
A embarcação envolvida no acidente é de 1973 e pertence à empresa CL Transportes, com sede em Vera Cruz. A lancha tem capacidade para 160 passageiros e 4 tripulantes. Conforme a Capitania dos Portos, a Agerba, a Astramab e a empresa, a embarcação estava regular e com todas as vistorias em dia. O dono da empresa a qual a lancha pertence prestou depoimento nesta segunda-feira (28). Conforme a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), até agora, foram ouvidas 101 pessoas, entre sobreviventes, tripulantes, testemunhas e representantes da CL Transportes. O teor dos depoimentos não foi divulgado.
O comandante Odvaldo relatou, ainda, que no dia em que a lancha virou ele trabalhava no lugar de outro comandante, que estava de férias. Além disso, conforme Barreto, a Cavalo Marinho I não é usada frequentemente para fazer a travessia, porque é uma embarcação auxiliar, que numa espécie de reserva. “Tive que pegar a Cavalo Marinho I porque a Nossa Senhora da Penha, a que saía nesse horário de 6h30, foi para lavagem do casco e manutenção”, explicou.
A embarcação envolvida no acidente é de 1973 e pertence à empresa CL Transportes, com sede em Vera Cruz. A lancha tem capacidade para 160 passageiros e 4 tripulantes. Conforme a Capitania dos Portos, a Agerba, a Astramab e a empresa, a embarcação estava regular e com todas as vistorias em dia.
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