Tite abre portas e pede a não-convocados: “Botem pressão em mim!” As últimas convocações de Tite no comando da seleção brasileira deixam poucas dúvidas: a lista de 23 jogadores para a Copa do Mundo de 2018 já está praticamente fechada. À exceção de três ou quatro posições – todas elas para o banco de reservas – parecem sobrar poucas dúvidas na cabeça do treinador.
Mas, a pouco menos de seis meses da lista final, o técnico prefere abrir as portas a novidades. Ele inclusive pede para ter mais “problemas” na hora de elaborar a relação de jogadores que irá à Rússia. Um dia após o sorteio, em conversa com o Yahoo! em Moscou, o treinador mandou um recado bem claro aos jogadores que têm ficado fora.
“Joguem muito. Coloquem pressão na cabeça do técnico. É um processo claro, limpo, transparente: botem pressão no técnico da seleção!”, afirmou Tite. O treinador até citou alguns nomes de jogadores que continuam no radar.
Malcom, do Bordeaux, e Richarlison, do Watford, são dois exemplos. Há outros. “Eles estão botando essa pressão em mim! O Luan, o Geromel, o Jô, o Hernanes… todos esses estão botando pressão”, disse o técnico, que lamentou não ter mais oportunidades para fazer testes.
“Eu tenho que saber trabalhar em cima dessas pressões e dizer que são só 23 convocados. Eu gostaria que fosse mais, e gostaria de ter mais tempo na seleção para dar mais oportunidades a esses jogadores. Mas a realidade não é assim, e eu também preciso dar oportunidades para a nossa base se fortalecer”, explicou.
A seleção brasileira estreia na Copa-2018 no dia 17 de junho, contra a Suíça. Costa Rica e Sérvia completam um grupo que, na visão de Tite, poderia ter sido melhor. “O grupo ideal talvez fosse com uma outra equipe forte, de um nível parecido com o nosso, e outras duas bem fracas, para a gente poder se classificar. Mas entre o ideal e o real tem uma distância enorme. O que temos que fazer agora? Preparar para situações com características como a desses jogos”.
A Costa Rica, segunda adversária do Brasil no torneio, foi inclusive citada por Tite como um exemplo de que zebras também acontecem na Copa do Mundo. “Na última Copa eles fizeram cinco jogos, contra Inglaterra, Holanda, Itália, Uruguai e Grécia, e não perderam nenhum”, lembrou.
Mas, perguntado sobre alguma seleção que pode surpreender a ponto de brigar pelo título com as tradicionais candidatas, o técnico elegeu uma força emergente europeia. “Projetando em cima do nível técnico individual: Bélgica. Tem muita qualidade técnica individual. Tem Witsel, tem Lukaku, De Bruyne… Tem o Hazard… Courtois… Tem jogadores muito fortes”.
Sem limites
Desde que chegou à seleção, em setembro do ano passado, Tite comandou a equipe em 16 partidas, com 12 vitórias, três empates e apenas uma derrota, para a Argentina, em amistoso disputado na Austrália. O bom momento gera uma dúvida que se baseia nas campanhas anteriores pré-Copa, com Dunga em Luiz Felipe Scolari: a seleção não corre o risco de chegar ao topo antes do torneio?
Tite não tem esse temor. “Não. Absolutamente não. E sabe por quê? Porque eu não sei até onde esse time pode chegar. Se eu ficar com medo e frear essa equipe, eu não vou saber até onde ela pode evoluir. Eu só tenho 16 jogos com a seleção, eu posso desafiá-la a ser melhor. Eu quero que o Fernandinho seja melhor, que o Casemiro seja melhor, que o Paulinho seja melhor, que o Gabriel Jesus, o Danilo, o Fagner sejam melhores… Eu quero fomentar, desafiar o desempenho, para que a seleção possa crescer. Porque eu não tenho como definir, falar ‘esse é o melhor momento, essa é a melhor situação’. E se esse time pode crescer mais? E se ele tem um potencial maior que isso?”, argumentou o treinador.




