O dólar alto beneficia a economia brasileira, segundo avaliação feita nesta segunda-feira (14) pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. No pregão deste início de semana, a moeda norte-americana tem operado pouco abaixo de R$ 2, com alta de mais de 1% frente ao fechamento da semana passada.
“O dólar alto beneficia a economia brasileira, pois dá mais competitividade aos produtos brasileiros. Significa que a indústria brasileira pode competir melhor com os produtos importados, que ficam mais caros, e pode exportar mais barato para o exterior. Portanto, não preocupa”, declarou Mantega.
Se por um lado o dólar alto beneficia a indústria nacional, tornando seus produtos mais baratos no exterior e os importados mais caros, por outro também torna as viagens internacionais mais onerosas para os brasileiros. Isso porque as passagens e hotéis geralmente são cotadas em dólar.
Segundo o ministro Mantega, o governo nunca estabeleceu nenhum parâmetro para o dólar e “não vai estabelecer”. “O dolar é flutuante e vai flutuar de acordo com o mercado”, declarou o ministro da Fazenda. Mantega não quis responder se o governo estaria estudando a possibilidade de retirar o IOF sobre o mercado de derivativos, instituído em julho do ano passado.
Dólar baixo
Em outras ocasiões, porém, Mantega chegou a declarar que um dólar operando entre R$ 1,50 e R$ 1,60, que vigorou no país, por exemplo, no primeiro semestre de 2011, seria “ruim” para a economia brasileira.
“Dólar a R$ 1,50 ou R$ 1,60 é ruim para a economia brasileira. É ruim para a indústria. É ruim para a exportação. Dólar em R$ 1,80 é melhor do que em R$ 1,50. Não estamos buscando nem R$ 1,70 ou R$ 1,80. Gostamos da modalidade de câmbio flutuante. É bom que flutue”, afirmou ele em março.
Aversão ao risco
De acordo com analistas, a subida do dólar nesta segunda-feira está relacionada com a chamada “aversão” ao risco no mercado internacional, uma vez que os investidores seguem preocupados com o impasse político na Grécia.
Com isso, os investidores buscariam países considerados mais desenvolvidos. “O dólar está totalmente sintonizado com o mercado lá fora”, disse o operador de câmbio da Interbolsa do Brasil, Ovidio Soares.
O impasse político na Grécia e a derrota do partido da chanceler alemã, Angela Merkel, em importante eleição regional também pressionam o mercado acionário, fazendo a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) recuar com força nesta segunda-feira.
Grécia
No domingo (13), terminou em impasse a reunião entre o presidente da Grécia, Karolos Papoulias, e os líderes dos três principais partidos do país para tentar formar um governo de coalizão.
As forças políticas têm prazo até terça-feira para formar um executivo, caso contrário, novas eleições devem ser marcadas para junho. Essa possibilidade preocupa a Europa e os mercados financeiros.
Papoulias encontrou-se com Antonis Samaras, do conservador Nova Democracia, Evangelos Venizelos, do socialista Pasok, e Alexis Tsipras, da frente de esquerda radical Syriza.
Nenhum dos três partidos que obtiveram os melhores resultados eleitorais conseguiu, ao longo da semana passada, formar um governo de coalizão. Os resultados das eleições legislativas – com uma forte alta do Syriza e a entrada dos neonazistas no Parlamento – preocuparam seriamente a Europa e os mercados financeiros.
Os partidos tradicionais, Pasok e Nova Democracia, ambos europeístas e favoráveis ao draconiamo plano de austeridade imposto à Grécia em troca de ajuda financeira, não somaram assentos suficientes para obter a maioria no Parlamento.
A maior parte dos demais partidos, incluindo a esquerda radical Syriza, se opõe de maneira taxativa à austeridade e não negocia. Se houver nova eleição, o Syriza deve terminar na primeira posição.
Se o próximo governo rejeitar o pacote, autoridades da UE dizem que será o fim dos empréstimos que Atenas precisa para evitar a moratória e a sua possível saída da zona do euro. Pesquisas mostram que a grande maioria dos gregos rejeita o pacote, mas quer manter o euro como moeda.