O edifício Wilton Paes de Almeida, que desabou em incêndio de grandes proporções no Centro de São Paulo na madrugada desta terça-feira (dia 1º), havia sido tombado em 1992 por ser considerado “bem de interesse histórico, arquitetônico e paisagístico”, o que garantia “a preservação de suas características externas”. Nos últimos anos, ele estava ocupado irregularmente.
Projetado em 1961 pelo arquiteto Roger Zmekhol seguindo a escola modernista, era considerado pioneiro (veja, abaixo, as principais características do prédio). Tinha 24 andares e ficava na região do Largo do Paissandu. Desde setembro de 2002, pertencia à União. Ele chegou a abrigar a sede do INSS e da Polícia Federal.
“Esse edifício foi marcante e com uma linguagem bastante arrojada. Era um edifício modernista, uma das primeiras obras que trabalhou com fachada de vidro na cidade de São Paulo”, afirmou ao G1, por telefone, o presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB SP), Fernando Túlio Salva Rocha Franco.
“O principal é destacar que foi um dos primeiros edifícios da cidade a fazer uso da estratégia de concentrar no miolo todas as funções mais ‘parrudas’: os banheiros, circulação vertical, a infraestrutura hidráulica e elétrica, e em contrapartida liberava a fachada para uma possibilidade de construir com uma ‘pele de vidro’.”
O presidente do IAB-SP cita que esse tipo de construção se difundiu a partir das décadas de 1970 e 1980, em edifícios comerciais e corporativos. São prédios com “pano de vidro”. No caso do Wilton Paes de Almeida, para conter o calor decorrente da iluminação do sol, a opção foi usar ar-condicionado.
Em 11 de fevereiro de 2015, foi lançado um edital para venda do prédio. O valor calculado era de mais de R$ 20 milhões. Atualmente, ele estava ocupado irregularmente. Em nota, a prefeitura de São Paulo informou que, até o momento, foram cadastradas 248 pessoas de 92 famílias.
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB) afirmou que a prefeitura não podia obrigar as famílias a sair nem pedir a reintegração de posse porque o prédio seria da União.
Em nota, o Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão informou que o prédio “não estava na programação de vendas de imóveis da União”.
O comunicado continua: “Ao contrário, ele foi cedido provisoriamente pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU/MP) à prefeitura do município de São Paulo, em 2017, e a previsão é que seria utilizado para acomodar as novas instalações da Secretaria de Educação e Cultura de São Paulo”.
Quando foi cedido à prefeitura de São Paulo, o Wilson Paes de Almeida já estava ocupado irregularmente. “Por esse motivo, a responsabilidade pelo pedido de reintegração não era exclusiva nem da SPU e nem da prefeitura do município, mas sim de ambas as instituições”, diz a nota do ministério.
“Assim, a SPU em parceria com a Secretaria de Habitação de São Paulo estavam atuando para tentar a reintegração amigável do edifício. Já havia sido feito o cadastramento dos ocupantes, que somavam cerca 400 pessoas reunidas em cerca de 150 famílias.”
G1






