O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu participar, amanhã, de uma reunião nacional de seu partido em Salvador. Será a primeira vinda do petista à capital baiana depois que deixou a Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. O encontro petista vai acontecer o dia todo no Wish Hotel da Bahia, no Campo Grande.
Lula foi solto na semana passada após o Supremo Tribunal Federal (STF) proibir prisão em segunda instância. Além do ex-presidente, a presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann, e o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, que foi candidato a presidente da República pela sigla no ano passado, também vão desembarcar na capital nacional para participar do evento. Lula e o governador da Bahia, Rui Costa (PT), devem ter o primeiro encontro após as declarações polêmicas do baiano que provocaram uma reação do ex-presidente.
Rui não foi para São Bernardo do Campo (São Paulo), onde Lula comemorou a liberdade após deixar Curitiba. O baiano foi o único governador do PT que não esteve presente no ato. Camilo Santana (Ceará), Wellington Dias (Piauí) e Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte) marcaram presença na festa. A justificativa para ausência do chefe do Palácio de Ondina foi a saúde. Ele teria chegado doente após a viagem que fez para a Europa para descansar.
O governador da Bahia provocou um descontentamento no PT recentemente com declarações à revista Veja e o ex-presidente reagiu. As falas ocorreram antes da liberdade Lula. Na época, Rui Costa afirmou que o PT deveria esquecer o “Lula Livre” na hora de firmar alianças partidárias. “Não acho que esse é o ponto que deve ser usado pelo PT para condicionar qualquer diálogo com as oposições para formar uma frente. Mas o PT não deve nem pode abrir mão dessa bandeira”, declarou.
O ex-presidente Lula reagiu e afirmou que o gestor baiano fala “em função das coisas que aconteceram na Bahia, da aliança dele na Bahia”. “Ele tem que saber que parte dos aliados que ele tem na Bahia, são inimigos do PT em nível nacional, que não votam com o PT e não votaram com a Dilma. Ele tem que saber. E nem por isso o PT impediu que ele fizesse aliança. Se é uma coisa regional, faça. Mas uma impressão que eu tenho que é quando ele dá entrevista é a partir da lógica do mundo dele. Mas ele tem que pensar um pouco no Brasil, para ele perceber que as pessoas que estão com ele na Bahia, não estão com o PT no maior lugar do Brasil, porque as pessoas têm outros compromissos”, ressaltou.
Rui também declarou que a sigla deveria condenar os abusos na Venezuela. “Esse é um problema que ocorreu com o PT, porque manifestamos unilateralmente apoio a um dos lados na
Venezuela, independentemente do que estivesse ocorrendo. A Venezuela enfrenta o mesmo momento que o Brasil, mas no oposto ideológico. Há sinais claros de que a democracia está sendo desrespeitada e de que agressões estão sendo desferidas contra pessoas e seus direitos”, afirmou. Rui Costa disse ainda que o PT deveria ter apoiado o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) na campanha de 2018, em lugar de ter lançado candidatura própria. Na época, o PT optou por lançar Fernando Haddad após o ex-presidente Lula ter candidatura indeferida.
Tribuna da Bahia