Uma grande emoção tomou conta dos devotos da Madre Vitória da Encarnação na tarde desta terça-feira (19), no Convento do Desterro, localizado no bairro de Nazaré. Isso porque, uma sessão solene presidida pelo arcebispo e primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, abriu um processo de beatificação da religiosa que morreu há mais de 300 anos. A causa já foi autorizada pelo Vaticano.
Na ocasião, Dom Murilo Krieger disse que o reconhecimento da freira como santa não vai seguir o ritmo da canonização de Dulce dos Pobres, terceira mais rápida da Igreja Católica. “Primeiro porque há apenas a perspectiva de Dom Sebastião sobre a vida da religiosa. Depois, pela impossibilidade de convocar outros que conviveram com ela no Brasil Colônia, ambientado na segunda metade do século 17”, explicou o arcebispo.
O arcebispo falou, ainda, que Madre Vitória da Encarnação poderá até nunca alcançar a santidade. E pode ser que seja canonizada daqui a mais 300 anos. “Talvez ela não seja canonizada. É algo que não é certo acontecer. Mas que seja conhecida. Quem sabe se torne uma venerável”, disse.
Dom Murilo explicou que, ao ser iniciado o processo, começam oficialmente os estudos históricos sobre a época em que a Madre Vitória viveu e a busca por documentos relativos a ela como, por exemplo, o diário do Convento, possíveis cartas ou testemunhos. “A partir deste momento, é necessária a comprovação de um milagre atribuída a intercessão do Venerável”.
Salvo alguns mistérios narrados na biografia de autoria do então arcebispo da capital baiana, Dom Sebastião Monteiro da Vide, não há informações concretas, ainda hoje, de como morreu a madre. O detalhe, além de dons sobrenaturais citados na obra, é objeto do estudo que compõe o processo de beatificação da soteropolitana.
A causa da beatificação possui um postulador que atua como uma espécie de advogado e tem a missão de investigar a vida do candidato à beatificação para verificar seu testemunho de vida e de santidade. No caso da Madre Vitória, o postulador da causa da beatificação será o frei Jociel Gomes, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (OFMCap).
Tribuna da Bahia