Acontece nesta quinta-feira (21), a partir das 9h, na Câmara de Vereadores de Petrolina, a culminância da Exposição Povos de Terreiros e Capoeira e Vivência Angola em alusão ao Novembro Negro. A sessão solene contará com a presença das comunidades de terreiros; haverá apresentação de cânticos em louvor aos Orixás, cantada pelo babalorixá Flávio Júnior, acompanhado pelos atabaques os ogãs; contará com a apresentação da Capoeira de Vivência Angola da Escola Mãe Vitória Roda de Capoeira; apresentações do curta-metragem EJE, produzido pelos acadêmicos da FASJ (Onde Minha Religião Interfere na Sua?) E a exposição com instrumentos musicais, objetos sagrados usados nos terreiros orixás e painel de fotos de terreiros de Petrolina.
Durante a cerimônia serão entregues três honrarias. A Medalha de Honra ao Mérito Dom Malan ao babalorixá Flávio Júnior, proposto pela vereadora Cristina Costa, idealizadora da homenagem e do evento, ao índio Erasmo de Souza Reis, proposto pelo ex-vereador Ibamar Fernandes, e o Título de Cidadã Petrolinense a para atleta Fernanda Yara da Silva, concedido pelo vereador Paulo Valgueiro. São convidados de honra, a professora doutora em cultura afro, Márcia Guena, Pai Jorge, Emily Oliveira, Viviane da Rede de Mulheres Negras e o vereador de Juazeiro Tiano Félix, propositor do Dia Municipal de Povos de Terreiros em Juazeiro.
A exposição começou na terça (19) e vai até a quinta (21), com o objetivo, segundo Cristina Costa, de manter viva a memória dos petrolinenses sobre a importância cultural dos negros no Brasil. Neste período várias manifestações culturais e sociais contaram a história de lutas e conquistas das matizes africanas, já que dia 20 se comemora do Dia Nacional da Consciência Negra.
Cristina que há três anos institui, com a aprovação dos colegas da Casa, o Dia Municipal dos Povos de Terreiros em Petrolina comemora a luta pela manutenção da cultura, a resistência e o respeito aos povos negros. “Eu tenho admiração pelos povos de terreiros, que a cada dia lutam para conquistar seus espaços, exercer sua crença, um Direito Constitucional no Brasil, por ser um país laico. Há três anos nos criamos a Lei nessa Casa que institui o dia 8 de Dezembro, como o Dia Municipal dos Povos de Terreiros, essa não deve ser a bandeira da minoria, é pra ser um direito garantido pelo Estado. Um país miscigenado, de origem tão africana quanto europeia, que deve e que precisa reconhecer suas raízes, sem preconceitos religiosos, sem máscaras, sem cultura do ódio, e com liberdade e democracia como deve ser numa grande nação. Não podemos deixar o pé atolado no retrocesso enquanto usamos a língua para o discurso do desenvolvimento. Que essa Casa, não apenas nesse dia, mas que seja um espelho de tolerância, de democracia”, enfatiza a vereadora agradecendo aos povos de terreiros, aos negros, aos cidadãos de Petrolina, de Pernambuco e do Brasil.
O espaço cultural para exposição da arte milenar tem a finalidade de dispor as matrizes africanas, a importância e sua história. “A exposição é uma oportunidade de mostrar para a população singularidades da cultura de orixás. Destaca a resistência de matizes africanas e nós só ocupamos espaços na sociedade hoje por conta a resistência da nossa ancestralidade. As crenças nos orixás mostra a luta do nosso povo guerreiro”, destaca Tereza Silva, representante da AECAB (Associação Espírita e de Cultos Afro Brasileiros de Petrolina). Ela enfatiza que “as religiões de Matriz africana são exemplos maior da resistência do povo negro, uma vez que foi no culto aos orixás que os negros encontraram forças para resistir ao sofrimento da escravidão, e se hoje nós enquanto negros ocupamos os espaços de fala, e graças a ancestralidade”.
A exposição está aberta ao público das 8h às 17h na Câmara Municipal de Petrolina. A sessão solene acontece nesta quinta (21) a partir das 9h na plenária da Casa.