O ator americano Leonardo DiCaprio se manifestou neste sábado (30) após o presidente Jair Bolsonaro acusá-lo de colaborar com queimadas criminosas na Amazônia por meio de doações à WWF, organização não governamental (ONG) que atua na área ambiental.
Em nota, DiCaprio negou ter feito doações a ONGs citadas em investigações sobre incêndios florestais no Brasil.
“Embora mereçam apoio, nós não financiamos as organizações citadas”, afirmou. No comunicado, o ator disse ainda ter orgulho de grupos que protegem ecossistemas e elogiou o povo brasileiro, que “está trabalhando para salvar seu patrimônio natural e cultural”.
Leia, abaixo, a íntegra da nota de DiCaprio:
“Neste momento de crise para a Amazônia, apoio o povo do Brasil que trabalha para salvar seu patrimônio natural e cultural. Eles são um exemplo incrível, comovente e humilde do compromisso e paixão necessários para salvar o meio ambiente. O futuro desses ecossistemas insubstituíveis está em jogo e tenho orgulho de apoiar os grupos que os protegem. Embora dignas de apoio, não financiamos as organizações citadas. Continuo comprometido em apoiar as comunidades indígenas brasileiras, governos locais, cientistas, educadores e as pessoas que estão trabalhando incansavelmente para garantir a Amazônia para o futuro de todos os brasileiros”.
As acusações de Bolsonaro a DiCaprio
Bolsonaro fez as acusações a DiCaprio nesta sexta-feira (29), ao se encontrar com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, em Brasília.
“Quando eu falei que há suspeitas de ONGs, o que a imprensa fez comigo? Agora, o Leonardo DiCaprio é um cara legal, não é? Dando dinheiro para tacar fogo na Amazônia”, disse.
O presidente não apresentou provas que sustentem as afirmações.
Ele já havia citado DiCaprio na quinta-feira (28), em transmissão ao vivo nas redes sociais.
“O pessoal da ONG, o que eles fizeram? O que é mais fácil? Botar fogo no mato. Tira foto, filma, a ONG faz campanha contra o Brasil, entra em contato com o Leonardo DiCaprio, e o Leonardo DiCaprio doa US$ 500 mil para essa ONG”, disse o presidente.
“Uma parte foi para o pessoal que estava tocando fogo, tá certo? Leonardo DiCaprio tá colaborando aí com a queimada na Amazônia, assim não dá.”
Bolsonaro se referia aos quatro brigadistas da região de Alter do Chão, no Pará, que foram presos na terça-feira (26), depois de apontados pela Polícia Civil como suspeitos de atear fogo na floresta para obter doações. As prisões geraram críticas, e os quatro deixaram a cadeira nesta quinta.
As entidades mantenedoras das atividades desses brigadistas protestaram contra as acusações do presidente. O Ministério Público disse que não há indícios do envolvimento deles e abriu investigação sobre a ação de grileiros em Alter do Chão.
O governador do Pará, Hélder Barbalho (MDB) interferiu, afastando o chefe da investigação, delegado Fabio Amaral.
O que disse a WWF
A organização WWF declarou em nota que os recursos enviados à brigada Alter do Chão não incluíram doações de Leonardo DiCaprio, que não comprou fotos da brigada Alter do Chão nem pôs fogo na Amazônia.
A ONG afirmou que mobilizou recursos para fortalecer organizações locais que se dedicam a proteger a floresta de desmatamento e queimadas. Também lamentou que o Presidente da República insista em divulgar inverdades.
Repercussão
As declarações de Bolsonaro repercutiram fora do país.
Os jornais americanos “The Washington Post” e “The New York Times” destacaram que o presidente do Brasil criticou DiCaprio por incêndios na Amazônia e afirmaram que Bolsonaro não ofereceu nenhuma prova.
O britânico “The Guardian” disse que Bolsonaro acusou falsamente o ator de ter pago pelos incêndios.
Tribuna da Bahia