As vendas de Natal tiveram alta acima da esperada pelo varejo este ano, segundo estimativa e balanço da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). Impulsionada pela liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e queda no desemprego, as vendas de presentes, especialmente os pagos à vista, foram as melhores desde 2013. Os shoppings sinalizaram uma alta expressiva, com um aumento de 10% no faturamento.
Ainda de acordo com a entidade, as categorias de roupas brinquedos e cosméticos lideraram as compras durante o período natalino, superando as expectativas que os especialistas projetaram, com 5% de alta nas vendas. “Esperamos ter até o dia 31 de dezembro, um movimento bom também. As pessoas que recebem presentes farão troca e isso quase sempre é revertido em mais vendas. Na parte do estuário, muita roupa sai devido às festas de réveillon”, disse o coordenador da AbrasceEdson Piaggio.
Segundo o coordenador, o pagamento do 13° salário, a liberação do Programa de Integração Social e o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS-PASEP) e do FGTS, contribuíram bastante para alta o setor. “O pagamento desses benefícios, teve uma injeção de mais de 214 bilhões na economia, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos(Dieese), a taxa do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) é a maior desde 1999, e a inflação está controlada, são fatores essenciais”, disse.
A taxa Selic chegou a 5,5% em setembro, a menor da história, o que teve como reflexo a redução de juros dos bancos. A taxa de desemprego também caiu após chegar a 12,7% de desocupados no trimestre terminado em março e ficou em 11,8% no período de três meses terminado em agosto, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O aumento de vendas também se reflete na contratação de temporários. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), serão contratados 91 mil trabalhadores temporários neste fim de ano para atender ao aumento sazonal das vendas. O número é 4% maior do que o registrado em 2018 (87,5 mil). A Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) prevê um número um pouco maior: 100 mil temporários. De acordo Abrasce, as contratações devem aumentar 28% em comparação com o mesmo período de 2018.
A estimativa de melhores resultados também é compartilhada pela indústria, que prevê uma leve melhora no segundo semestre do ano que vem. Segundo André Rebelo, economista e assessor estratégico da presidência da federação das indústrias de São Paulo (Fiesp), um dos pontos positivos foi a produção para o Natal, em setores como os de roupas, eletrodomésticos, embalagens e alimentos.
Rebelo afirma que a economia está em expansão, puxada principalmente pelo consumo doméstico, e que isso ajuda a indústria a se refazer de perdas decorrentes da crise Argentina, o principal comprador de produtos industrializados brasileiros. A venda de automóveis, por exemplo, caiu cerca de 50%.
“Deve ser um ano melhor. A gente não sabe a intensidade da retomada, ela é lenta, não sabemos se vai engrenar e acelerar. Ou se vai enganar a gente no começo do próximo ano”, diz.
Tribuna da Bahia