“Percebemos, hoje, uma grande movimentação de artistas e influenciadores digitais amando estar no Estado. As pessoas voltaram a ter o imaginário da Bahia dentro do seu coração. Todo mundo quer estar em nossa cidade. É um desejo natural e tudo acontece de forma espontânea. Aos poucos a Bahia está crescendo, seja Salvador, Itacaré, Porto Seguro, Trancoso, Chapada Diamantina. Lençóis, por exemplo, foi algo assim muito fora da curva. Não era destino do Réveillon. E este ano passou a ser. Definitivamente, o Estado entrou neste imaginário das pessoas. E quando isso acontece, a repercussão é direta. Quem vem nos visitar, traz mais dois ou três. Ele publica fotos na Internet, no Instagram, no Facebook e os seguidores imediatamente comentam e replicam. A gente já vê a repercussão disso, atingindo muitas outras pessoas, dentro e fora do país. Esperamos que, desse movimento crescente, do final de 2019, seja a repercussão de novas visitas neste ano de 2020. O ideal não é ter ‘pico’ de ocupação dos hotéis. Muito pelo contrário. A gente quer ter, além de um bom Réveillon, é um bom Verão e gente nos visitando o ano inteiro”.
Foram com essas palavras que chega a contagiar tanto a quem lê quanto a quem ouve, que o novo presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-Bahia), Luciano Lopes nos recebeu, na sede da entidade, no bairro da Pituba, para uma entrevista exclusiva à Tribuna da Bahia. Com passagem em 2005 como assessor de Marketing, Luciano Lopes atuou, recentemente, como diretor da função, na gestão de Glicério Lemos (biênio 2018-2019). Formado em Ciências Contábeis com MBA em Finanças e Mestrado em Desenvolvimento Humano, ele foi gerente Geral do complexo hoteleiro de Costa do Sauípe – durante oito anos – e da Prima Empreendimentos.
Atuando, indistintamente, nas áreas Imobiliária e Turismo, há exatos 20 anos, Luciano Lopes acaba de assumir a presidência da ABIH-Bahia, uma entidade empresarial, sem fins lucrativos, que atua como um órgão técnico e consultivo no estudo e soluções para o setor hoteleiro, desde 1970. A associação tem um papel representativo junto ao próprio segmento; ao governo das três esferas (federal, estadual e municipal); e, ainda, diante dos demais setores da economia. A entidade conta com uma forte participação dos quase 250 sócios, através das mensalidades.
Com esta postura consolidada, a ABIH-Bahia encara como principal desafio integrar seus associados em todo o Estado da Bahia, através das 13 Zonas Turísticas. “Queremos implantar uma liderança ativa em cada uma das 13 zonas turísticas. Para isso, vamos utilizar de todas as ferramentas de comunicação unificadas em uma plataforma digital e centrando forças no poder das redes sociais. Queremos, acima de tudo, aumentar o número de associados e o nosso primeiro passo será na próxima terça-feira, dia 7, quando acontecerá a nossa reunião de diretoria”. Neste encontro, cada associado, que for nomeado, será responsável por um dos ‘eixos’ estabelecidos no plano macro da atual administração elaborado durante a campanha eleitoral. “Todos vão precisar se alinhar com os objetivos da diretoria e realizar as ações já previstas”.
TURISMO NO BRASIL
Atento às recentes decisões do governo federal, no que diz respeito ao Turismo no Brasil, Luciano Lopes destaca a Medida Provisória nº 907, de 2019, publicada no dia 27 de novembro passado, no Diário Oficial da União (DOU), que determinou a isenção da taxa de direitos autorais pelas músicas executadas pelos hóspedes nos quartos. “A medida colocou, com absoluta clareza, o conceito de posse e propriedade. A propriedade é do hotel. Todavia, a posse temporária do quarto, é do hóspede”. E exemplifica:“Você paga em sua casa para ouvir música? Claro que não! Então, no quarto do hotel, não é justo haver esta tributação. O que continua valendo, conforme a lei, é o pagamento de direitos autorais, nas músicas executadas, em áreas externas do hotel”.
Assim como os demais representantes do trade turístico baiano Luciano Lopes sonha um dia em ver a economia brasileira desenvolvida, de forma que o setor de turismo volte a crescer com mais vigor. “Há uma correlação muito forte entre o desempenho da atividade turística e a economia. Quando ela está bem, as pessoas tendem a usufruir mais do lazer”, destaca. Sua aposta, também, é na aprovação total da Lei Geral do Turismo. “Ela abrange vários aspectos, desde o regulamento dos direitos autorais; à legalização dos cassinos; entre outros itens significativos. Entretanto, cada regulamentação dessas etapas atinge grupos de interesses diferentes ligados ao turismo. A estratégia do trade foi a de fatiar os assuntos, uma vez que seria difícil aglutinar todos os pleitos”.
Luciano Lopes não mede elogios para aplaudir a medida que isenta os “vistos” dos passaportes para alguns países do mundo, dentre eles Estados Unidos, Japão e Canadá. “Historicamente, o número de dias de férias de um trabalhador vem sendo reduzido a cada ano. Antes eram 30 dias. Hoje, está em torno de nove ou 10 dias. A culpa é da velocidade das comunicações que tem dificultado com que o trabalhador se ausente por muito tempo das suas obrigações. Com isso, o tempo de lazer diminuiu e foi preciso adequação às mudanças sociais. Atualmente, para o viajante se ausentar de um pais ficou mais caro e isto dificulta as viagens internacionais”.
Outra medida governamental que também recebe aplausos do presidente da ABIH-Bahia, é a chegada das companhias aéreas ‘LowCost’, ou seja, aquelas empresas de aviação que atuam com passagens mais baratas e de baixo custo. “Elas atacam a variável mais importante na composição de preços de um pacote de turismo: as passagens”. Um ponto que ainda não está bem fechado e que Luciano Lopes diz merecer uma maior atenção do governo da União é, sem dúvida, a promoção do destino Brasil. “Tem havido ações pontuais com a divulgação de alguns vídeos nos Estados Unidos e na Europa, além da participação em algumas feiras. Mas tudo precisa estar sincronizado e o foco total na promoção do Brasil”, diz Luciano Lopes que as iniciativas dão sinais claros de que o setor pode vir a melhorar em curto prazo. “Hoje percebemos claramente que a principal mudança é o Ministério do Turismo, que está mais atuante”.
REPRESENTATIVIDADE
Nas áreas locais (estadual e municipal) os relacionamentos da ABIH-Bahia com os representantes do setor, têm sido intensos e mais estreitos. “O Governo do Estado investiu na promoção do nosso destino nas embaixadas dos Estados Unidos e na participação de feiras internacionais. A atuação física do gestor estadual nas zonas turísticas também tem sido importante ouvindo os hoteleiros. Fato este que proporciona um bom diálogo entre as partes”. Na área municipal ocorre um contato de igual nível. “Inclusive, temos a garantia de manutenção de uma ação que já ocorre há anos com a prefeitura de Salvador que é o ‘road show’, Esta ação consiste no treinamento e capacitação de agentes de viagens. “Trazemos eles a Salvador para que experimentem a vida em nossa cidade. Assim, com maiores informações, fica bem mais fácil conquistar futuros clientes. Esta ação acontece, desde o ano de 2016, e, no ano passado, trouxemos à capital baiana cerca de seis mil agentes de viagens”.
Para o presidente da ABIH-Bahia o nosso Estado tem que assumir, de uma vez por todas, a sua vocação para o turismo, com o recuo das indústrias. “O turismo tem 70 segmentos em torno dele além de importantes sub-cadeias de economia, que envolve o turista, desde que ele desembarca no aeroporto Internacional de Salvador”.
A partir deste mês de janeiro, a ABIH-Bahia volta sua atenção para a manutenção da taxa de ocupação dos hotéis, apostando na inauguração do Centro de Convenções de Salvador, na orla da Boca do Rio. Luciano Lopes espera que após as inaugurações, dia 23 pela Prefeitura e 26 pela GL Events, que os caminhos do turismo de negócios disparem. “Estamos em entendimentos com a concessionária para ver como poderemos contribuir na vinda de novos turistas. Sabemos que o turismo de uma região não vive apenas de Sol &Praia (lazer). É preciso, também, que exista o turismo de negócios para segurar a ocupação dos leitos na baixa e média estação”.
Segundo o presidente da ABI-Bahia, a cidade de Salvador deve terminar o ano de 2019 com uma taxa de ocupação de 63% dos leitos o que dá para ver que há uma grande quantidade de leitos a serem ocupados. Nesta terça-feira, dia 7, teremos uma reunião com a GL Events para alinhar os planejamentos e trazer futuramente mais eventos para nossa cidade. Nossa expectativa, é que o novo centro de convenções aumente em 10 pontos percentuais a taxa de ocupação dos leitos, principalmente dos hotéis que estão com ocupação abaixo da meta, ou seja, aqueles que dependem exclusivamente do turismo de negócios.
Dentre as futuras medidas a serem tomadas pela nova administração da ABIH-Bahia, o presidente Luciano Lopes anuncia a criação de um prêmio estadual para estimular os associados. Neste ano de Jubileu de Ouro (50 anos de criada) uma ação já foi consagrada: a publicação de um livro especial, produzido pelas jornalistas Giovana Chetto (editora); Janine Falcão e Nilma Gonçalves (textos); revisão de Márcia Carvalho e design gráfico de Carla Piaggio.
Tribuna da Bahia