Campanhas de renegociação de dívidas, aliadas a liberação dos recursos do FGTS e a melhoria, aos poucos, da conjuntura econômica, fizeram com que o número de inadimplentes, no país, tivesse uma queda no ano de 2019. De acordo com dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), o volume de brasileiros com contas em atraso caiu pelo segundo mês seguido e, a estimativa, é a de que aproximadamente 61 milhões de brasileiros tenham começado o ano de 2020 com alguma conta em atraso e com o CPF restrito para contratar crédito ou fazer compras parceladas.
Conforme o levantamento, somando todas as pendências, cada consumidor inadimplente deve, em média, R$ 3.257,91. Já descontando os efeitos da inflação, os valores observados agora são 30% menores do que no início da série histórica, em 2010 (R$ 4.238,32). Conforme os dois órgãos, de modo geral, pouco mais da metade (52,8%) dos brasileiros inadimplentes têm dívidas em atraso de até R$ 1.000 e 47,2% acima desse valor.
De acordo com as regiões brasileiras analisadas, o Nordeste apresentou a queda mais expressiva na quantidade de inadimplentes, com um recuo de 3,2% na comparação entre dezembro de 2019 e dezembro de 2018. Segundo o SPC Brasil e a CNDL são 16,59 milhões de pessoas que estão nesta situação ou 40,2% da população adulta.
No Sudeste, a variação foi pequena e ficou em 0,7% ou 25,21 milhões de inadimplentes – 37,4% da população adulta. Por outro lado, houve um avanço de 4,8% no Norte (47,3% da população adulta ou 5,86 milhões de pessoas e de 3,8% no Centro-Oeste (42,5% da população adulta ou 5,14 milhões de pessoas). Na região Sul, o registro foi o de havia 8,20 milhões de inadimplentes ou 35,5% da população adulta de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.
Já com relação a setores, o declínio mais expressivo da inadimplência na comparação anual se deu nas dívidas com o setor de comunicação, que englobam contas de telefonia, internet e TV por assinatura, com uma queda de 16,4%. As dívidas bancárias, que levam em conta cartão de crédito, cheque especial, empréstimos e financiamentos, caíram -1,9%. Já o as dívidas contraídas no comércio via crediário subiram 0,9%, enquanto as pendências básicas com água e luz cresceram 2,1%. No geral, considerando todos os tipos de dívidas em atraso, houve queda de 3,3% na comparação anual.
SUBIDA ENTRE IDOSOS
Já com relação à faixa etária, o indicador ainda mostra que a inadimplência tem apresentado comportamentos distintos. No último mês de dezembro, houve queda expressiva na parcela mais jovem da população, enquanto observou-se uma alta entre os mais velhos na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Considerando a população de 18 a 24 anos, houve queda de 21% na quantidade de inadimplentes. Já entre os idosos de 65 a 84 anos, a alta foi de 3,7%.
O número de devedores também caiu entre os que têm de 25 a 29 anos (-11,2%) e de 30 a 39 anos (-3,2%). Já levando em conta as pessoas de 50 a 64 anos, houve uma alta de 1,8% na inadimplência, ao passo que ela ficou em apenas 0,8% entre os de 40 a 49 anos.
Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a permanência maior dos idosos no mercado de trabalho, uma maior atividade no mercado de consumo, assim como a renda menor nesta fase da vida, são fatores relevantes que impulsionam a inadimplência neste público.
“Há ainda o hábito que alguns idosos possuem de emprestar o nome a terceiros, geralmente familiares, principalmente diante da facilidade de acesso ao crédito consignado. Com o desemprego alto, em muitas famílias o idoso que recebe a aposentadoria é a única fonte de renda”, afirmou.
Tribuna da Bahia