A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou nessa quarta-feira (11) uma pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2). Segundo o órgão, o número de pacientes infectados, as mortes e os países afetados devem aumentar nos próximos dias e semanas. Apesar disso, os diretores ressaltam que a declaração não muda conforme as instruções, e os governos devem manter o foco na contenção da circulação de vírus.
Na prática, o termo pandemia refere-se ao momento em que uma doença já está espalhada por diversos continentes com transmissão sustentada entre pessoas. Ontem, o portal G1 mostrou que o ritmo de disseminação de vírus e metade dos países atingidos registraram os primeiros casos de Covid-19 nos últimos dez dias.
“Uma descrição da situação como uma pandemia não altera a avaliação da OMS da ameaça representada por esse vírus. Isso não altera o que a OMS está fazendo nem o que os países devem fazer”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral do OMS
O Ministério da Saúde do Brasil também afirmou ontem que “nada muda” no país com declaração do OMS.
Também o diretor executivo do programa de emergências do OMS, Michael Ryan, ressaltou que uma declaração não significa que a OMS vá adotar novas recomendações no combate ao vírus.
“Uma declaração de pandemia não é como uma emergência internacional – é uma caracterização ou descrição de uma situação, não é uma mudança na situação. (…) Não é hora para os países seguirem apenas para mitigação”, disse Michael Ryan, diretor executivo do programa de emergências da OMS.
Mitigação é uma estratégia de saúde pública que busca principalmente cuidar dos pacientes e públicos prioritários. Como declarar os diretores, a OMS ainda acredita que a contenção da circulação de vírus precisa ser buscada por todos os países e é indicada como pilar das ações.
Na tarde de ontem, ao chegar ao Congresso, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que a declaração de pandemia já era esperada e que ela não muda nada na prática. Ele removeu uma crítica que já havia sido feita antes na OMS, afirmando que o órgão demorou para usar essa definição.
Antes da declaração de pandemia, uma definição de casos suspeitos usados no Brasil exclui os viajantes que retornaram da África e das Américas do Sul. Agora, segundo Mandetta, serão investigados os possíveis casos suspeitos de retornar qualquer viagem ao exterior e apresentar febre e mais um sintoma (dificuldade respiratória, dor no corpo e/ou tosse).
Ressalva da OMS
Os diretores da OMS ressaltam ao longo das suas exposições que o quadro de circulação de novos coronavírus mostra que ainda é possível diminuir seus efeitos e disseminação.
“(Os países) devem fazer o máximo para evitar qualquer caso importado”, disse Tedros. Ele ressaltou que 57 países têm menos de 10 casos e 90% dos casos do mundo vêm de 4 países. “Seria um erro abandonar a estratégia de contenção”, disse.
“Esse é o primeiro coronavírus a ser chamado de pandemia, mas também acreditamos que será o primeiro a ser contido ou controlado”, afirmou Tedros.
Com a mesma preocupação, o diretor de programas de emergência alerta para o risco de ser evitado com o uso da palavra: como as pessoas não devem usar a declaração de pandemia como desculpas para desistir do combate e tentativas de conter a circulação do vírus.
“Se não tentar suprimir, pode sobrecarregar o sistema de saúde. Tem que haver tentativas de disseminar a infecção”, disse Ryan.
Perspectivas de novos casos
De acordo com a OMS, o número de casos, as mortes e os países afetados devem subir nos próximos dias e semanas. Nas últimas duas semanas, o número de casos da China aumentou 13 vezes e o número de países afetados tem triplicado.
“Pandemia não é uma palavra para usar a maneira leviana ou descuidada. É uma palavra que, se for causada por mal, pode causar perigo irracional ou causar injustiça por causa de uma luta acabada, levando a sofrer e morrer fatalmente”, falou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.
De acordo com o balanço mais recente do órgão, há mais de 118 mil casos em 114 países e 4.291 pessoas que morreram.
Segundo Tedros Adhanom Ghebreyesus, “Essa é uma crise que afeta todos os setores.”
Foco de ação dos países
De acordo com Tedros, os países podem preparar respostas em áreas como chaves: detectar, proteger, tratar, reduzir a transmissão, inovar e aprender.
Perguntado pelos jornalistas se há recomendação para fechar escolas e fronteiras, o diretor executivo do programa de emergências da OMS, Michael Ryan, considera que essas decisões foram tomadas com base na avaliação de risco dos países.
De acordo com ele, países com número menor de casos não atingindo grande impacto com medidas de isolamento social.
Fonte: Agência Brasil