As exportações de uva e de manga de mesa do Vale do São Francisco devem crescer este ano, segundo estimativas feitas pela Associação dos Produtores e Exportadores de frutas e hortigranjeiros do Vale do São Francisco (Valexport). “A nossa expectativa é de ter uma exportação, na média, 25% maior do que a realizada em 2022, que foi um ano ruim. Este ano, o tempo foi bom e também alguns dos nossos concorrentes foram atingidos pelo El Niño e vão ter menos frutas para vender”, resume o presidente da Valexport, José Gualberto. Quase nada desta produção vai sair por Suape, enquanto o Porto de Pecém realizou o primeiro embarque de frutas no dia 25 de agosto.
O fenômeno climático El Niño provocou muito calor, prejudicando a floração das árvores – em países como Peru, Equador e México -, os principais “concorrentes” da exportação de fruta do Vale do São Francisco para os países da Europa e Estados Unidos. “Este ano, a nossa expectativa é de exportar 270 mil toneladas de manga e 80 mil toneladas de uva de mesa”, afirma Gualberto.
De um modo geral, no ano passado, os produtores do Vale diminuíram as exportações em cerca de 15% -com relação a 2021 – por causa do grande volume de chuvas extemporâneas que atingiram a região. A última safra boa da região foi a de 2021, quando foram exportadas 246 mil toneladas de manga e 75 mil toneladas de uva de mesa. Em 2022, aquela região enviou 211 mil toneladas de manga e 52 mil toneladas de uva de mesa ao exterior. Geralmente, as exportações representam cerca de 20% a 25% da produção total das frutas.
“O preço ainda é uma incógnita, porque com um volume maior de produção, o valor da fruta tende a cair. Esperamos um ano com melhor retorno econômico”, argumenta Gualberto. O polo de fruticultura irrigada do Vale do São Francisco tem como cidades polo Petrolina, em Pernambuco, e Juazeiro, na Bahia, se estendendo por vários municípios baianos e pernambucanos próximos. Nesta região, são mais de 200 produtores, segundo a Valexport. A principal janela de exportação do Vale ocorre entre agosto e setembro.
Geralmente, as frutas do polo do São Francisco vão para o exterior, embarcando pelos portos de Pecém, na Grande Fortaleza; Natal, no Rio Grande do Norte, e Salvador, na Bahia. “Quase nada ou zero vai sair pelo Porto de Suape”, diz Gualberto. E acrescenta: “quem determina o porto onde a fruta vai embarcar é o armador, que coloca o navio onde tem mais facilidades para operar. Geralmente, é o mesmo navio que vem do Sul e sobe, fazendo escalas em Salvador, Suape, Natal e Pecém, a última parada no Brasil antes do navio seguir para o exterior”, cita Gualberto. Segundo ele, os armadores não estão oferecendo escalas em Suape.
Ele também diz que os produtores ficam com mais tempo para entregar a fruta, quando o embarque ocorre em Pecém . “O tempo do navio atracar em Salvador, desembarcar (os produtos), embarcar até chegar em Pecém pode dar uma diferença de uns três a quatro dias”, explica Gualberto, acrescentando que isso faz diferença. Em anos anteriores, os empresários do setor reclamaram muito dos preços de movimentação de contêineres em Suape que é operado por um único terminal de contêineres. (Folha PE)