A capital fluminense foi eleita patrimônio mundial, na categoria paisagem cultural urbana. É a primeira cidade do mundo a receber esse título, dado pela Unesco.
Chamar de “imagem de cartão postal” era pouco pra definir essas paisagens que todo mundo conhece. É o Rio de Janeiro. Imagens de fotógrafos, paisagens disputadas. E não é de hoje.
Paisagens disputadas. Não é de hoje. No passado, já aconteceram até batalhas pela posse dessa cidade, como a dos franceses com os portugueses.
A entrada da Baía de Guanabara, onde também está o Pão de Açúcar e de onde se vê o Corcovado. Marcas do Rio que começaram a ser plantadas há 150 anos, quando Dom Pedro II mandou plantar a Floresta da Tijuca.
O Jardim Botânico também chamou a atenção da Unesco, e também o Aterro do Flamengo, a Enseada de Botafogo e o Forte de Copacabana. Estas paisagens artificiais e que agora dividem a honraria de ser Patrimônio da Humanidade junto também com a Praia de Copacabana, o Arpoador e o Morro do Leme.
O conceito de paisagem como patrimônio da humanidade surgiu em 1992. Desde lá, a Unesco vinha escolhendo apenas áreas rurais ou carregadas de simbolismo cultural ou religioso como Jardim Botânico Real na Inglaterra e o Sítio Arqueológico do Vale de Bamyan, onde o governo talibã do Afeganistão destruiu as estátuas de budas gigantes em 2001.
Esta é a primeira vez que paisagens urbanas são escolhidas como patrimônio pela Unesco.
A ministra da cultura, Ana de Hollanda, comentou a distinção, mandando um depoimento pela internet, de São Petesburgo, na Rússia, onde o comitê do patrimônio mundial fez a escolha.
“Acho que tem os dois lados. O lado de quem vem de fora com a expectativa de conhecer esse patrimônio e a responsabilidade também da cidade, dos moradores, dos dirigentes, com a preservação dessa cidade”, explicou a ministra.
“A cidade que tem o melhor povo para receber as pessoas do mundo ganha um selo da Unesco como reconhecimento da sua paisagem cultural, urbanística. O diálogo da natureza com o urbano no Rio de Janeiro é único no planeta”, comentou Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro.
Na prática, o título recebido pelo Rio de Janeiro gera agora, para os cariocas e para o país, a obrigação de manter, cuidar e proteger essas paisagens que, a partir de hoje, pertencem ao mundo inteiro.