O Congresso definirá nesta semana se pune parlamentares suspeitos de atuar em favor do empresário Carlos Cachoeira, preso sob acusação de operar um esquema de jogo ilegal e corrupção de agentes públicos.
Na quarta-feira, o Senado vota a cassação do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e a Corregedoria da Câmara deve analisar representações contra os deputados Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), Sandes Júnior (PP-GO) e Rubens Otoni (PT-GO).
As decisões ocorrem mais de quatro meses após a Polícia Federal prender Cachoeira e pouco antes do recesso parlamentar, que começa no próximo dia 18.
No Senado, a expectativa é pela cassação de Demóstenes por meio do voto secreto. Se isso ocorrer, será a segunda vez que um senador suspeito de corrupção é cassado.
A primeira foi há 12 anos, quando Luiz Estevão perdeu o mandato depois de mentir aos colegas sobre seu envolvimento com o escândalo do superfaturamento das obras do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo.
Na Câmara, dois dos três investigados devem ser inocentados. Sandes Júnior (suspeito de receber favores e ganhar indiretamente R$ 150 mil do grupo de Cachoeira) e Otoni (que aparece em vídeo com Cachoeira negociando o pagamento de R$ 100 mil) possivelmente ficarão livres de punição nos relatórios dos deputados Evandro Milhomen (PC do B-AP) e Maurício Quintella (PR-AL). A alegação para a absolvição é a falta de provas.
Já o relator do caso de Leréia, Jerônimo Goergen (PP-RS), pedirá a abertura de um processo por quebra do decoro no Conselho de Ética da Câmara –que então poderá dar início a um procedimento de cassação.
“Defenderei que existem indícios muito relevantes e sugiro a perda do mandato”, afirmou Goergen.
Pesam contra o congressista, além da gravação em que aparece cobrando de um auxiliar de Cachoeira o depósito de R$ 100 mil, sua ligação pessoal com o empresário.
Leréia afirmou à Folha ser amigo e conhecedor de atividades ilegais de Cachoeira. Depois, usou um discurso no plenário da Câmara para parabenizar o empresário por seu aniversário.
Nesta semana, o Conselho possivelmente arquivará a representação contra outro deputado, Protógenes Queiroz (PC do B-SP), citado em gravações feitas pela PF.
O caso do deputado Stepan Nercessian (PPS-RJ) na Corregedoria só deve ser analisado no segundo semestre –isso porque a representação contra ele no órgão chegou depois das feitas contra os outros três deputados.
A Folha revelou que Nercessian recebeu R$ 175 mil de Cachoeira.