UM OLHAR.
Já se vão 63/64 anos que vi uma menina chamada Cilar. Ainda hoje me lembro do seu olhar. Foi lá na famosa Pedra Branca, Distrito de Curaçá-Ba. Era ela, filha de João de Anjo e Martinha. Se não estou enganado, tinha três irmãs e três irmãos. Cilar, além de linda, nasceu com o privilégio de um olhar penetrante, que demonstrava bondade, firmeza e sabedoria. Era uma criança fina, dócil e carinhosa, com os pais, com os irmãos e com as outras pessoas. Quando viemos embora (para Juazeiro) a família ficou em Pedra Branca. Não sei quanto tempo, mas sei que foram todos para São Paulo. Nunca mais soube notícias, porém o seu olhar, de criança, ainda está presente em mim;
No dia 15 de julho do ano 2012, estava no velório de Nelson Paletó, quando fui abordado por um senhor (aproximadamente 50 anos), dizendo que leu uma crônica minha e que daquela data em diante, passou a me ver com outro olhar. Antes de perguntar porque, ele foi dizendo – “Achava você uma pessoa carrancuda, compenetrada, até certo ponto vaidosa. Confesso que hoje lhe enxergo totalmente diferente. Pela leitura, porque me aproximei de você, e também conversando com outras pessoas, eliminei a primeira impressão”.
Conta-se que um lenhador perdeu o seu machado preferido. Procurou-o por todos os recantos de sua casa, mas não o encontrou.
Começou a pensar que alguém tinha roubado. Com esse pensamento, pôs-se na janela. Naquele momento, passou o filho do vizinho. O rachador de lenha pensou: “Tem mesmo o olhar de ladrão, os cabelos de ladrão, o passo de ladrão.”
Alguns dias depois, encontrou o seu machado. Estava debaixo do divã, onde ele mesmo o tinha deixado ao regressar do trabalho. Feliz por tê-lo achado, o rachador de lenha aproximou-se mais uma vez da janela. Passou o filho do vizinho. Desta vez pensou: “É um jovem honesto, não tem mesmo o olhar de ladrão, não tem os cabelos de ladrão nem o passo de ladrão”!
Caro leitor, quantas vezes nos enganamos com o olhar e pelo olhar. Quantas vezes interpretamos o outro pelo olhar e quantas vezes somos julgados pelo olhar!
Quantas vezes nos apaixonamos por um olhar!
Que nosso olhar seja sempre desprovido de malícias, de julgamentos negativos. Que nosso olhar veja mais o que o outro carrega de positivo, de bom.
Não julguemos, principalmente pelo olhar.
MAGOM – Contabilista, administrador de Empresa e membro do Lions.