O ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta segunda-feira (17) que “não há qualquer dúvida de compra de votos”. O magistrado disse que a revelação do caso feita por Roberto Jefferson em 2005 estava distante de “mera vingança política”. Barbosa iniciou o seu voto sobre o núcleo político e avaliou a compra de votos para a composição da base de apoio ao governo do ex-presidente Lula (2003-2010), o mensalão propriamente dito. “Não havendo qualquer dúvida de compra de voto a essa altura do julgamento, há várias provas de reuniões mantidas nos interessados no apoio, de tarefas distribuídas, não vislumbro qualquer deficiência probatória quanto a esse crime”, disse. O relator apontou que desde 2003 o mensalão “já era alvo de comentários no Congresso” e “que as provas [dos autos] comprovam isso”. Ele rejeitou a tese das defesas dos réus de que houve apenas caixa dois de campanha. Para Barbosa, isso não enfraquece o esquema. “Essa versão não interfere na caracterização [do crime] já que ajuda de campanha também configura vantagem indevida por influência em atos de interesse dos corruptores”, avaliou. O relator rebateu ainda, indiretamente, a fala do ex-presidente Lula e os argumentos dos advogados de que o esquema era invenção.”Apesar das defesas afirmarem que o mensalão foi invenção de Jefferson para se defender de propinas nos Correios, percebemos que as acusações feitas pelo ex-parlamentar estão distantes da mera vingança política, embora essa tenha sido a sua motivação inicial”, afirmou.
Foto: STF