HUMILHANDO OS NEGROS E DISCRIMINANDO OS BRANCOS.
Vindo de Carnaíba, parei no ponto de ônibus e dei carona a um jovem branco, pobre e estudante, que reside naquela localidade.
Querendo identificá-lo, perguntei-lhe seu nome e de qual família era. A primeira resposta: – Sou bisneto do Sr. Oseas e filho de Magela. – Que bom jovem! Você é bisneto do maior líder político que conheci em Carnaíba.
Bem dita carona. Que jovem de cabeça aberta, arejada. Nos quinze minutos de viagem falamos de três assuntos: seca, política e educação. Como o espaço nos limita, comentarei somente sobre o último item. Perguntei-lhe: que acha das cotas para negro? – Um absurdo. Fico imaginando o constrangimento de muitos negros contrários a essa aberração; como também o receio de muitos brancos pobres, que possam perder o seu devido lugar, por causa da sua cor (branca). Não posso entender o que acaba de acontecer: cotas também para concurso público. Já pensou, o branco pobre tira nota oito e perde a vaga para o negro que tirou quatro? É um absurdo.
Àquelas alturas eu estava todo arrepiado, só em imaginar que alguém tivesse tomado minha vaga no concurso do Banco do Nordeste, lá na década de sessenta. Ainda bem que o Governo daquela época não pensava tão pequeno. E ele – Como o senhor, conheço alguns negros, principalmente no Brasil, que se destacaram sem o uso de cotas. É verdade – complementei.
Começamos a debulhar nomes de alguns negros famosos (sem passar por cotas). Dos que vou relacionar, nem todos foram lembrados durante a viagem. Quando tive um tempinho, pesquisei na internet e fiquei extasiado com a quantidade de negros que se destacaram. Pelo limite do espaço relacionarei menos de 10% :
Na história : Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares; João Cândido, mestre sala dos mares, foi comandante da Revolta das Chibatas; Cosme B. das Chagas, um dos líderes da Revolta da Balaiada;
Esportes: – Pelé, sem comentário; Ronaldinho Gaúcho, Robinho, Grafite (futebol), Daiana dos Santos (ginástica), Maguila (boxe), Ademar Ferreira da Silva e João Carlos de Oliveira, o João do Pulo (salto triplo), Marta e Janete (basquete), Fofão (vôlei).
Artes: – Aleijadinho, com suas esculturas; Agnaldo Manoel dos Santos, com suas esculturas orixás; José da Paixão Silva, com suas gravuras; Emanoel Araújo, ex-diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo e diretor do Museu Afro Brasil.
Literatura: – João da Cruz de Souza, o principal poeta do movimento simbolista; Carolina Maria de Jesus, que se tornou conhecida internacionalmente com o livro Quarto de Despejo; Luiz Gama, Lino Guedes, Maria Firmina dos Reis, maranhense que escreveu o romance Úrsula; Solange Trindade, com suas várias poesias temáticas; Osvaldo de Camargo, Mestre Didi, Abdias do Nascimento, escritor de textos para peças teatrais; Cuti e Cidinha da Silva; Machado de Assis e Lima Barreto (mestiços).
Música: – Pixinguinha, Antônio Carlos Gomes, Chiquinha Gonzaga, Tia Ciata, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Djavan, Seu Jorge, Sandra de Sá, Leci Brandão, Negra Lí, Alcione, Margarete Menezes, Paula Lima, Carlinhos Brau, Alaíde Costa, Ivete Souza, Leila Maria, Zezé Mota etc.
Medicina e Engenharia: – Juliano Moreira (1873-1932), André Pinto Rebouças e Antônio Pereira Rebouças.
De lambuja: Joaquim Barbosa, Ministro do Supremo e quatro estrangeiros destaques no mundo que não dependeram de cotas: Barack Obama, Rey Charles, Mandela e Martin Luther King.
O pior de tudo é saber que o Governo comete tal absurdo, dizendo querer reparar as injustiças do passado.
Quer mesmo reparar os danos aos pretos, inclua os brancos, os índios, os mulatos e principalmente os pobres, agindo com determinação e vontade, restaurando a escola pública. Assim acontecendo deixará de humilhar os negros e discriminar os brancos e teremos independente da cor da pele, homens e mulheres com oportunidades iguais.
MAGOM – Contabilista, Administrador de Empresa e membro do lions.