“Noite sertaneja, noite clara, as estrelas no mesmo lugar. Fiquei tantos anos fora do Sertão, e as estrelas no mesmo canto”, diz, incrédulo, Luiz Gonzaga sobre a impressão que teve quando em 1946, 16 anos depois de ter deixado a sua terra o para ganhar o Brasil como músico, esperava que seu pai Januário lhe abrisse a porta de casa, na Fazenda Araripe, no Exu. Depois do susto ao abrir a porta, conta-se que a casa de Januário ficou cheia de gente querendo ouvir o já famoso sanfoneiro tocar, e que foi inspirado por esse dia que ele escreveu a célebre “Respeita Januário”. A Fazenda Araripe, que existe há cerca de 300 anos, é famosa na região por ressoar forró, beleza e memória por todos os cantos.
Hoje, nada menos que 66 anos depois, nos 100 anos de nascimento de Gonzagão, diz-se que o céu que cobre a fazenda na qual viveu o sanfoneiro ainda tem a mesma beleza. O forró, é certo, continua sendo trilha sonora noite e dia. E na data de aniversário de Lua não será diferente.
Com a intenção de fortalecer as tradições locais e reverenciar o Rei do Baião, o Festival Pernambuco Nação Cultural levará um palco de pé-de-serra para o local. Batizado Palco Araripe, a fazenda recebe, das 9h às 17h, no dia 13 de dezembro (data de aniversário de Lua), 12 atrações, todos artistas da região.
Seguidores do rei, Os Cabas de Gonzaga, Chá Cutuba, Vital Barbosa, Epitácio Pessoa, Donizete Batista, Leninho de Bodocó, Tárcio Carvalho, Coral de Aboios de Serrita, Flávio Baião, Antônio da Mutuca e Os Três do Cariri prometem fazer jus à tradição do Sertão do Araripe e honrar a memória de Gonzagão.
“É um momento muito informal e espontâneo dentro do festival. É um palco pequeno e simbólico”, explica Leo Antunes, coordenador do circuito do Festival Pernambuco Nação Cultural da Secult/Fundarpe. O coordenador também afirma que a grade foi construída em parceria com os artistas da região, a fim de respeitar e evidenciar a cena local.
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