Já experimentou a sensação de entrar em um carro que ficou muito tempo exposto ao sol? O calor que se sente é resultado do “efeito estufa” dentro do veículo. O calor entra, mas não pode sair e assim, o interior do automóvel fica aquecido. Nosso planeta está sujeito à mesma lei da física e graças aos gases de efeito estufa (que promovem a retenção do calor), podemos viver!
A falta de vapor de água e gases de estufa e até mesmo da própria atmosfera, leva outros planetas a terem diferenças de temperatura de 200 graus Celsius das áreas expostas ao sol para as áreas de sombra. Assim, o dia é escaldante e a noite gélida, sendo a vida impossível.
O aquecimento global possibilita extremos mais próximos e homogeneização das temperaturas, sendo condição fundamental para a manutenção da vida. O problema que se vive hoje é que, o ideal projetado de concentração de CO2 na atmosfera para a manutenção da vida é da ordem de 250 a 280 ppm (partes por milhão) – níveis verificados antes da revolução industrial.
A revolução industrial nos ensinou, entre outras coisas, a obter energia pela queima de combustíveis fósseis e em pouco mais de cem anos a concentração de CO2e na atmosfera passou para 390 ppm. Estima-se que a partir da concentração de 450 ppm existe o risco de entrarmos em um ciclo irreversível, chamado de “feedback positivo”. Nele o aumento de temperatura impede que mares e florestas absorvam CO2 da atmosfera, consequentemente a temperatura aumenta, o que leva a dificuldade maior da natureza sequestrar o carbono e assim por diante.
O assunto é de extrema urgência. Desde o estabelecimento da UNFCCC e do Protocolo de Quioto – criados internacionalmente para combater o aquecimento global, as emissões de gases de efeito estufa não diminuíram. As previsões do IPCC são de que as emissões médias do planeta durante esse centenário, não sejam superiores a 18 GToneladas ano a ano. As emissões atuais são superiores a 40 Gtoneladas. Esse é o tamanho do desafio que os negociadores enfrentam ano a ano na Conferência das Partes.
Para piorar, o efeito não é sentido uniforme ou regularmente. Ao contrário de colocar o dedo na tomada, onde facilmente aprende-se a lição, nas questões climáticas, quando se sente o choque pode não haver mais tempo para reagir.
Fato é que o mundo não vai acabar. A decisão que devemos tomar é se queremos aprender com nossos próprios erros e agir racionalmente para aumentar nossas chances como espécie de sobreviver ou se vamos lançar à sorte nossa própria existência e continuar negando os fatos.
Felipe Bottini é economista pela USP com especialização em Sustentabilidade por Harvard – Consultor Senior e cofundador da Green Domus Desenvolvimento Sustentável, Neutralize Carbono e Consultor especial do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD.